Maria Chatinha (1873 – ?)

Nasceu por volta de 1873, em local desconhecido, pois sua mãe, batizada como Maria José da Rocha, foi apanhada a laço quando Maria Chatinha estava com 03 meses de idade e levadas para a fazenda do Barão Salgado da Rocha, na região de Tremembé, interior de São Paulo. Ambas foram batizadas por ordem da Baronesa que não aceitava pessoas pagãs na fazenda, mas isto não alterou sua condição de escravizada.
A maior parte do tempo trabalhava no roçado colhendo algodão e cuidando da lavoura sob a rígida fiscalização do capataz, que várias vezes lhe agrediu com castigos corporais. Sua liberdade foi conquistada quando já tinha 18 anos de idade. Nessa época mudou-se para o Rio de Janeiro, onde foi trabalhar de doméstica.
Em 1982, aos 108 anos de idade, foi entrevistada por Elza Nadai e Joana Neves que registraram sua trajetória – um doloroso e precioso relato da condição da mulher indígena escravizada – no livro História do Brasil, Editora Saraiva.

 

Maria Dealves (1965 -2008 )

A carioca Maria Dealves começou carreira em 1970 na novela Irmãos Coragem, da TV Globo. No teatro participou de montagens históricas, tais como o musical Hair, em 1972. Atuou também em Gota d’água, Calabar, Orfeu negro, dentre outras peças.
Uma de suas primeiras atuações nas telas de cinema foi em 1975, com o filme Extorção. Retorna para a televisão em 1979 na novela Marrom Glacê (1979), na TV Globo. Na década de 1980 continua em suas brilhantes atuações em diversas novelas: Baila comigo (1981), Sol de verão (1983), remake de Selva de pedra (1986), e Mandala (1987) e nos seriados Tenda dos milagres (1985) e O tempo e o vento (1985). Em fins da década de 80 realiza trabalhos na TV Manchete, dentre eles a novela Cananga do japão (1989) e Rede de intrigas (1991). Retorna a TV Globo no início da década de 1990 e participa das novelas: Felicidade (1991), Fera ferida (1993), remake de A viagem (1994), e em História de amor (1995). Em fins da década de 1996 recebe um convite do diretor Walter Avancini para interpretar a escrava Rosa, na novela Xica da Silva (1996) da TV Manchete, onde fez grande sucesso. Seu último trabalho, em TV, foi na rede Globo em 2001, com atuação na novela As filhas da mãe.
Apaixonada por cinema, Maria Dealves foi presença constante na produção cinematográfica brasileira, atuando em diversos filmes tais como: Se segura malandro (1977) de Hugo Carvana; O cortiço (1977) de Francisco Ramalho Jr.; Terror e extase (1979) de Antônio Calmon; Para viver um grande amor (1983) de Miguel Faria Jr.; A grande arte (1989) de Walter Salles; Mauá: o imperador e o rei (1998) de Sérgio Resende; Só Deus sabe (2004) de Carlos Bolado. Foi roteirista, diretora e atriz no curta Elisa em 2001, e no média Ator profissão amor em 2002, filme selecionado para o Festival BR 2003 e para ser exibido na Biblioteca Nacional de Paris no evento França/Brasil 2005.
Até o ano de 2000 adotava o nome de Maria de Alves, após fazer numerologia, adota o nome Maria Dealves. No ano de 2007 tomou posse do cargo de Diretora para Assuntos Institucionais do Sindicato dos Artistas do Rio de Janeiro – SATED/RJ.
Faleceu em 08 de maio de 2008 na cidade do Rio de Janeiro, após batalha ferrenha contra o câncer.

 

Maria da Conceição (1891 – )

Nasceu 01 de abril de 1891 em Conceição de Macabu, região de Macaé no estado do Rio de Janeiro. Embora seu registro civil tenha sido feito na cidade de Cabo Frio, carrega no nome a homenagem a sua verdadeira terra natal. Durante a infância viveu com sua mãe em frente ao brejo da Tiririca, a alguns metros da Praia da Forte, em Cabo Frio. Desde muito pequena trabalhava pegando água nos poços da cidade e ajudando afazeres domésticos. Por volta dos 11 anos de idade, retorna com sua mãe para a cidade natal em busca de melhores condiçoes de vida. Infelizmente a mudança não trouxe resultados favoráveis, pois Maria da Conceição sofre um acidente ao se queimar no fogão à lenha de sua casa e as perspectivas de trabalho não lhes eram promissoras. Como caixeiras viajantes retornam a Cabo Frio e voltam a morar no brejo da praia do Forte. Dona Maria trabalhou como lavadeira, salgadeira de peixe. Em 2008, é considerada a mulher mais velha do Brasil.

 

Maria José von Paumgartten Deane (1916 – 1995)

Nasceu a 24 de julho de 1916 em Belém – PA. Em 1936 ingressou na Faculdade de Medicina e Cirurgia do Estado. Durante a graduação, realizou trabalhos na comissão encarregada de estudos sobre a leishmaniose visceral, do Serviço de Estudos de Grandes Endemias (SEGE), do Instituto Oswaldo Cruz. Permaneceu no Instituto até 1939, quando transferiu-se para o Ceará e Rio Grande do Norte, para trabalhar na campanha contra o Anopheles Gambiae. Em 1942 assumiu o cargo de assitente do Departamento de Parasitologia, do Serviço Especial de Saúde Pública (SESP), no Instituto Evandro Chagas, em Belém, onde colaborou em pesquisas sobre malária e filariose; realizando estudos na Amazônia e no Espírito Santo, entre outros estados. Foi promovida a chefe da seção de parasitologia no SESP – desenvolveu pesquisas sobre verminose e leptospirose. Em 1969, organizou o Departamento de Microbiologia e Parasitologia da Faculdade de Medicina de Taubaté (SP). Internacionalmente reconhecida por sua dedicação a saúde e experiência, em 1976, foi convidada a organizar o Departamento de Zoologia de Parasitologia da Faculdade de Ciências da Saúde, da Universidade de Carabobo na Venezuela. Em 1980, volta para a FIOCRUZ, no Rio de Janeiro, como pesquisadora titular do Departamento de Prozoologia, em seguida sendo promovida a chefe deste departamento. No ano de 1986 assumiu o cargo de vice-diretora do Instituto Oswaldo Cruz. Morrreu em 13 de agosto de 1995.

Maria Ednalva Bezerra de Lima (1960 – 2007)

Nasceu em Campina Grande (PB), em 1960. Formou-se em Letras, com especialização em Educação e, como professora participava da Associação do Magistério Público do Estado da Paraíba (Ampep). Sua militância ganha visibilidade, em 1984, quando lidera, ao lado de outras companheiras, uma greve de 100 dias, por melhores salários e condições nas escolas públicas do Estado.
Coma criação do Sindicato do Professores(as), em 1984, passou a dedicar sua energia à organização das mulheres trabalhadoras no seu estado, como Coordenadora da Comissão Estadual de Mulheres da Central Única dos Trabalhadores da Paraíba.
Paralelamente a luta sindical, integrava, na década de 1990, o Cunhã – Coletivo Feminista onde, como feminista, foi uma incansável lutadora pelos direitos das mulheres no trabalho, pelos direitos reprodutivos e contra a violência. A luta pelo direito ao aborto e contra a violência às mulheres foi travada com muita coragem e determinação por Ednalva, desde sua atuação no feminismo paraibano até sua trajetória à frente da Secretaria Nacional da Mulher Trabalhadora da CUT.
Reconhecida nacionalmente pela sua trajetória e garra, a partir de 1997, assume a gestão do Núcleo Temático de Gênero, responsável por desenvolver subsídios, reflexões teóricas e metodológicas e formação em gênero para a política nacional CUT. Na seqüência se torna Coordenadora da Comissão Nacional sobre a Mulher Trabalhadora da CUT, até 2003 e, é nesta condição, que durante o 8º Congresso Nacional da CUT consegue, com o apoio das trabalhadoras, aprovar a resolução congressual que cria a Secretaria Nacional sobre a Mulher Trabalhadora.
Sua militância extrapolou fronteiras territoriais e temáticas. Atuou em vários organismos internacionais como a Comissão de Mulheres da Coordenadora das Centrais Sindicais do Cone Sul, Comitê Feminino da Confederação Internacional de Organizações Sindicais Livres e Central Sindical Internacional, sempre ocupando espaços de decisões.
No Brasil foi representante da Secretaria Nacional de Mulheres da CUT, no Conselho Nacional dos Direitos da Mulher cuja contribuição foi contundente para implementação das recentes políticas públicas para as mulheres. Também esteve ao lado das trabalhadoras rurais, especialmente na construção e realização da Marcha das Margaridas.

Dias depois de ter tido uma atuação decisiva na II Conferência Nacional de Políticas para Mulheres, ocorrida em Brasília, Ednalva foi vítima de uma infecção avançada, em decorrência de um quadro de meningite.

Depois de uma semana de internação veio a falecer no dia 10 de setembro de 2007. O corpo foi velado em Campinas, cidade onde estava residindo e enterrado em Campina Grande sua cidade natal e onde vivem seus familiares, depois de receber inúmeras homenagens de suas companheiras feministas, sindicalistas e autoridades.

 

Luiza Ramalho (século XX)

Nasceu em Araçuaí – MG. Mais conhecida como “Sá Luiza”. Em sua cidade não há quem não tenha sido benzido/a por ela: quebranto, mal de olhado, mal de espanto, espenhela caída, vento caidos, e outros males. Usando apenas de ramo de ervas e orações benze e livra quem a procura com tais moléstias.

 

Luzia de Freitas Caracciolo (1914 – 2005)

Nasceu no bairro de Botafogo no Rio de Janeiro em 1914. Tomou gosto por trilhas e escaladas, ainda muito jovem.
Em uma época em que o montanhismo era um universo do sexo masculino, Luzia, causou escândalo, no ano de 1933, ao ser a primeira mulher a escalar e chegar ao topo do Dedo de Deus – montanha de 1.672 metros de altura, que fica na divisa do Rio de Janeiro e Teresópolis. Rompeu fronteiras na década de 1930 e continuou rompendo depois de atingir a terceira idade, sedimentando imagem positiva quanto a existência de uma vida adulta saudável.
É significativa a contribuição de Dona Luiza, como era carinhosamente chamada, para uma nova visão do conceito de “velhice” no Brasil. Contribuindo para um movimento de transformações quanto ao perfil do idoso na atualidade.
Possuía uma frase peculiar que exemplificava sua personalidade ativa: “A vida sem movimento não tem sentido”. Participou de eventos esportivos criados para a terceira idade. No início da década de 1990 passou a dedicar-se a natação, esporte no qual bateu recordes na categoria Máster. Em junho de 2004, Dona Luiza ganhou 5 medalhas de ouro no X Campeonato Mundial de Natação Masters, em Riccione, San Marino, Itália.
Luzia de Freitas Caracciolo contrariou o estereótipo da velhice como um estágio da vida inoperante, impotente e as vezes doentio. Cultivava um envelhecimento saudável com práticas esportivas, viagens e comportamento positivo durante sua trajetória, assim dizia ela: “Fiz o que eu queria. Prestei atenção na vida e estou sendo recompensada”.
Faleceu no dia 27 de setembro de 2005 aos 91 anos de idade.

 

Lúcia Mendonça Previato (1949 – )

Nasceu em 1949 na cidade de Maceió-AL. Aos seis anos de idade mudou-se com a família para o Rio de Janeiro. Doutora em Ciência, é membro da Academia Brasileira de Ciências. Nos laboratórios da UFRJ, após 20 anos dedicados á pesquisa, conseguiu decifrar como o trypanosoma crusi, protozoário causador da doença de Chagas que interage com as células de seu hospedeiro, o que permitirá o desenvolvimento de remédios mais específicos e menos tóxicos.
A doença de Chagas é endêmica na América Latina. Existe um programa nos países do Cone Sul para controlar a transmissão da doença pelo inseto vetor (o barbairo) e pelo controle da transmissão sanguínea. Professora do Instituto de Biofísica da UFRJ e coordenadora da área de ciências biológicase biomédicas da Faperj . Pela importância de seu trabalho, em, 2004, foi uma das cinco cientistas do mundo homenageadas com o L’Oréal-Unesco para Mulheres na Ciência.
 

Lia de Itamaracá (1944 – )

Maria Madelena Correia do Nascimento, nasceu em 12 de janeiro de 1944, na Ilha de Itamaracá – PE. Canta e compõe desde a infância. Ficou conhecida como Lia de Itamaracá, nos anos de 1960, quando a compositora e cantora Teca Calazans registrou a quadra "Esta ciranda quem me deu foi Lia/ que mora na ilha de Itamaracá". Teca e Lia criaram algumas composições em parceria, além do trabalho de resgatar e gravar várias músicas do cancioneiro popular.
Em 1977 gravou seu primeiro disco, o LP A Rainha da Ciranda, ainda assim continuou trabalhando como merendeira em escola pública da rede estadual de ensino. Nas horas vagas compunha cirandas, cocos de roda e maracatus. No ano de 1998 participou do festival Abril Pro Rock, realizado no Recife e em Olinda, onde teve grande êxito. Lançou o Cd Eu sou Lia, pela Ciranda Records em 2000. Considerada a mais famosa cirandeira do Nordeste brasileiro é referencia da cultura pernambucana, Lia tem ao longo de sua carreira conquistado cada vez mais adeptos.

 

Lenira Carvalho (1932 – )

Nasceu no Município de Porto Calvo em Alagoas em 1932. Foi fundadora do Sindicato dos Trabalhadores Domésticos do Recife.
Quando criança, morava com sua mãe em cômodo reservado a empregados em uma casa grande de um engenho de cana-de-açúcar em Alagoas. Apesar das dificuldades que se apresentavam por conta de seu histórico familiar, foi com espírito obstinado que começou a estudar.
Fruto, sobretudo de sua inteligência e persistência conseguiu que uma tia dos donos da casa, onde sua mãe exercia a função de empregada doméstica, lhe ensinasse as primeiras letras. Logo depois foi morar com o irmão, e começou a treinar a leitura nos folhetos de cordel. Não escapou ao destino de ser empregada doméstica. Seduzida pela possibilidade de tratar os dentes, aceitou ser babá no Recife, na casa de seu padrinho que era um dos filhos da senhora do engenho onde sua mãe trabalhava e onde viveu. Assim como acontece com as domésticas, trabalhava de segunda a segunda, sem direito a folgas, permaneceu nesta situação por quase 16 anos. Com o tempo tornou-se a governanta da casa, porém sua remuneração não alcançou o salário mínimo.
Com perseverança conseguiu matricular-se em um curso noturno no colégio das freiras salesianas. Completou o curso primário, conciliando os serviços domésticos e os estudos. Tendo muitas vezes que despertar as quatro da manhã para estudar, assumindo em seguida a responsabilidade sobre a casa. Depois de anos de dedicação, conseguiu de seus patrões um descanso de 15 em 15 dias, assim como a folga no carnaval par fazer seu retiro espiritual. A fé a ajudou a suportar as intempéries de sua existência e lhe dar coragem para sempre seguir em frente.

No início da década de 1960 teve acesso às reuniões da Juventude Operária Católica, formando um grupo de domésticas para discutir os problemas específicos da categoria. Era o primeiro contato que tinha com a Igreja Progressista. A partir desta inserção teve a oportunidade de participar de encontros que discutia o direito ao salário mínimo, férias e carteira assinada. Envolveu-se tanto com as lutas em prol dos direitos da empregadas domésticas que abandonou seu emprego para dedicar-se a luta da categoria; sendo convidadas a ser missionária da Juventude Operária Católica. Organizava encontros regionais e estaduais com outras trabalhadoras domésticas. No dia 1º de maio de 1963 esteve no Congresso Regional de Empregadas Domésticas no Recife, encontro este que desencadeou uma histórica passeata, a primeira da categoria no Brasil.
Após o Golpe Militar a repressão ao movimento das domésticas ocorreu via Igreja. Foi levada a prisão, porém foi logo liberada. O movimento enfraqueceu, mas Lenira não desistiu, discretamente, entregava boletins e mobilizava as trabalhadoras. Dada as circunstancias, Lenira Carvalho retornou a sua profissão, mas não abandonou o propósito de ajudar a construir uma associação de empregadas domésticas. As vitórias não tardaram. No ano de 1968 participou do Primeiro Congresso de Trabalhadoras Domésticas em São Paulo. No início da década de 1970, no governo Médici, foi assegurado as empregadas domésticas o direito carteira assinada. No final da década de 70 fundou a Associação das Empregadas Domésticas da Área Metropolitana do Recife.
Participou dos congressos que se seguiram nos anos decorrentes. Em 1974 no Rio de Janeiro, 1978, em Belo Horizonte, 1981 em Porto Alegre, 1985 em Olinda e assim sucessivamente. Dedicou-se integralmente no Congresso de Olinda, para isto largou o emprego. Encerrado o Congresso de Olinda, Lenira empregou-se como faxineira na Ong SOS Corpo. Foi a grande oportunidade que teve para aprofundar seus conhecimentos. Neste período Lenira participou efetivamente na preparação para incidir na Assembléia Constituinte de 1988. Este processo trouxe um resultado histórico para categoria das domésticas: conquista do salário mínimo, direito as férias, e 13º salário, aviso prévio, repouso semanal e 120 dias de licença maternidade.
No ano de 1988 a Associação a que Lenira pertencia, transformou-se em Sindicato. Por influência de Lenira o Sindicato das Empregadas Domésticas da RMR é atuante no Fórun de Mulheres de Pernambuco.
Lenira Carvalho é militante incansável na área sindical.