Eulália Nascimento (1908 – 2005)

Eulália do Nascimento, mas conhecida por Tia Eulália, nasceu em Minas Gerais a 12 de março de 1908. Filha de Francisco Zacarias de Oliveira, um dos criadores do bloco de carnaval, Dois Jacarés, na Serrinha.
Mudou-se para o Morro da Serrinha, em Madureira, na cidade do Rio de Janeiro, quando ainda tinha um ano de idade, trazida pelos pais. Sua casa vivia repleta de músicos que organizavam gafieiras, serestas e muitas rodas-de-samba. A família possuía espírito festivo.
Sua grande paixão era o samba, quando conheceu e depois causou-se com José Nascimento Filho. Através do marido conheceu o jongo, pois em sua casa reuniam-se famosos jongueiros convidados por ele. Em 1947, na casa de Tia Eulália e Seu Nascimento na rua Balaiada, no alto do morro, foi fundada a Império Serrano. Tia Eulália é portadora da carteirinha nº 1 da escola que defendia com todo fervor.
Tia Eulália, fundadora e símbolo do Grêmio Recreativo Escola de Samba Império Serrano, morreu de insuficiência respiratória a 10 de julho de 2005, no Rio de Janeiro.

 

 

Eros Volusia Machado (1914 – 2004)

Nasceu em São Cristóvão, bairro do Rio de Janeiro a 1 de junho de 1914. Dançarina, ganhou projeção internacional com o nome de Eros Volúsia. Desenvolveu coreografias inspiradas na cultura brasileira, foi responsável pela criação de um bailado essencialmente nacional.
As primeiras décadas do século XX no Brasil, foram períodos de construção de uma identidade e da valorização da mestiçagem. Eros Volúsia vivenciou toda esta profusão de idéias de vanguarda que fluía neste período no Brasil: Semana de Artes Moderna, Gilberto Freire com o trabalho Casa Grande & Senzala, Getúlio Vargas e a política desenvolvimentista. Foi nesse contexto de nacionalismo crescente, de turbulência e profusão de novas propostas de interpretação do Brasil que Eros mesclou o ballet com as danças populares nacionais, incorporando ao ballet clássico movimentos do bailado brasileiro. A singularidade de seus movimentos criou identidade própria para dança brasileira, expressando a diversidade cultural que pulsava e que percebia suas raízes no híbrido, na miscigenação.
Seu talento artístico sofreu grande influência familiar, pois era filha do poeta Rodolfo Machado e da poetisa Gilka Machado. A mãe com sua poesia simbolista do início do século XX exerceu grande influência sobre Eros Volúsia. Era muita ousadia para uma mulher naquele período, escrever poesias com insinuações ao erótico. Gilka Machado e sua mãe abriram uma pensão na rua São José, centro do Rio de Janeiro; freqüentada por intelectuais do início do século XX. Eros além da influência familiar, conviveu neste espaço com figuras renomadas da política e da intelectualidade brasileira. Apresentou-se em um sábado festivo para a então primeira-dama Darcy Vargas, conheceu escritores tais como o jovem Nelson Rodrigues; poetas, músicos e outros expoentes da arte nacional.
Iniciou sua formação clássica em ballet aos 14 anos de idade, na Escola de Bailados do Teatro Municipal do Rio de Janeiro – a primeira oficial do Brasil. Foi aluna de Maria Olenewa, bailarina russa, que se naturalizou brasileira e que foi responsável pela organização da escola de dança e do corpo de baile do Teatro Municipal do Rio de Janeiro.
Sua primeira apresentação pública foi no palco do teatro onde estudou, em 1929, onde participou de uma homenagem ao então presidente Washington Luiz. A bailarina apareceu dançando descalça, acompanhada por violão e batucadas. O que se caracterizou, naquele período, uma ousadia, tendo em vista as tradições daquele espaço. Ousadia que Eros nunca abandou em toda sua vida artística. Suas coreografias eram caracteristicamente brasileiras: Amor de Iracema, Peneirando o fubá, Moleque capoeira, Cascavelando e O Guarani – espetáculo apresentado no Teatro Municipal e que teve a presença do então presidente da república Getúlio Vargas e de seu corpo diplomático.
Eros Volúsia foi e é uma das figuras mais importantes da dança brasileira. A primeira bailarina a dançar samba de sapatilhas. Ousada, usava trajes de baiana com a barriga de fora, apresentava-se em cassinos. Com a mesclagem do clássico com o popular Eros criou uma nova estética, incorporando novas metodologias na dança; teve a inteligência e sensibilidade para incorporar manifestações do Brasil inteiro como o frevo, o maracatu, o caboclinho, danças de terreiros. Inaugurou o que seria futuramente conhecido por “dançarino-pesquisador”, que resgata a formação do conhecimento artístico – a técnica – com a sensibilidade artística, para além da técnica. Usava de todo recurso que o corpo podia expressar, com os movimentos de olhos, das mãos, dos quadris, e na boca um convidativo sorriso. Cria uma dança alegre e híbrida, ao mesmo tempo brasileira e universal. Seu corpo era o instrumento da inovação
Na edição de 22 de setembro de 1941, a revista Life publicou sua foto na capa. Única artista sul americana a conseguir tal proeza. Tornou-se ainda mais famosa e requisitada. Atuou em vários filmes nacionais: Favela dos Meus Amores (1935), Samba da Vida (1937), Caminho do Céu (1943), Romance Proibido (1944) e Pra Lá de Boa (1949). A fama internacional aconteceu após participação no filme Rio Rita (1942), uma comédia da Metro-Goldwyn-Mayer, dirigida por S. Sylvan Simon. Conhecedora de diversos ritmos e bailados, apresenta-se neste filme em número musical que utiliza temas afro-brasileiros, marcando definitivamente sua carreira.
Foi Professora do Serviço Nacional de Teatro, onde criou o curso de coreografia. Este é considerado o primeiro, dentre os cursos de dança nacional, a aceitar bailarinos negros.
Faleceu a 01 de janeiro de 2004.
 

Emília Fernandes (1950 – )

Emília Teresinha Xavier Fernandes nasceu em 18 de julho de 1950 na cidade de Dom Pedrido, no Rio Grande do Sul. Formou-se em Pedagogia, com pós-graduação em Planejamento Educacional. Sua carreira política teve início em Santana do Livramento (RS), onde exerceu o cargo de vereadora por três mandatos consecutivos.
Em 1994, tornou-se a primeira mulher gaúcha a ser eleita Senadora da República. Emília Fernandes teve seu parecer aprovado pelo Senado Federal como relatora do Protocolo Facultativo CEDAW/ONU (Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra a Mulher). É de sua autoria a lei que determina a instalação de número telefônico nacional gratuito para denúncias de violência contra as mulheres, sancionada pelo Presidente da República.
No primeiro mandato do governo de Luis Inácio Lula da Silva, em 2003, Emília foi nomeada como ministra da Secretária Especial de Políticas para as Mulheres.

 

Eloísa Biasotto Mano (1924 – )

Nasceu no Rio de Janeiro em 1924. Diplomou-se em química industrial em 1947 e em engenharia química em 1955, pela Escola Nacional de Química da Universidade do Brasil, hoje, Escola de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Obteve doutorado em química orgânica em 1960 pela mesma instituição. Especialização em tecnologia de borracha pelo Instituto nacional de Tecnologia (1949) e em Atualização Em Estudo de Problemas Brasileiros pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1971). Começou sua carreira profissional como estagiária do laboratório de Borracha e Plásticos do Instituto Nacional de Tecnologia – INT, Rio de Janeiro (1951).
Adquiriu experiência em tecnologia de Polímeros como químico-tecnologista do Instituto Nacional de Tecnologia, no Laboratório de Borracha e Plásticos no Rio de Janeiro no início da década de 1950 e final da década de 60. Durante um ano participou do grupo de pesquisa em ciência de Polímeros na Universidade de Illinóis, EUA, sob a orientação do professor Carl S. Marvel e na Universidade de Birmingham, Inglaterra, com o Professor J.C. Bevington, em 1964.
Em 1967 a doutora Eloísa organizou o primeiro curso experimental na área de polímeros no Brasil, como disciplina de pós-graduação do Instituto de Química da UFRJ – IQ/UFRJ. Sendo no ano seguinte responsável pela criação do primeiro Grupo de Pesquisadores em Polímeros no país, que deu origem ao atual IMA/UFRJ, onde foi a única diretora do sexo feminino e o qual, em 1994, teve o nome modificado em sua homenagem para Instituto de Macromoléculas Professora Eloisa Mano.
Foi Professora Catedrática na Escola Nacional de Química (1959-1966), Instituto de Química (1967-1976) e Instituto de Macromoléculas, IMA (1977-1994). É Membro Titular da Academia Brasileira de Ciências desde 1978.
Foi Representante Nacional do Brasil na Divisão Macromolecular da International Union of Pure and Applied Chemistry, IUPAC (1979-1993). Foi também Coordenadora da Sub-Comissão de Polímeros do Instituto Brasileiro do Petróleo (1982-1991).
Faz parte do Instituto de Macromoléculas da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ. Recebeu em novembro de 2000 o Prêmio Cidade do Rio de Janeiro de Ciência e Tecnologia, pelo desenvolvimento de pesquisas de reciclagem de plásticos. Primeira linha de pesquisa no Brasil, com o intuito de fazer dos resíduos sólidos urbanos matéria-prima para materiais de construção e para a indústria automobilística. Eloísa Mano é a primeira mulher a receber este prêmio.
Foi agraciada pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) com a Ordem Nacional do Mérito Científico, na classe de Grã-Cruz. Um prêmio de menção honrosa no mundo das ciências.
Sua trajetória exprime os passos de uma carreira vitoriosa. Primeira cientista pesquisadora na área de reciclagem de plásticos em um momento em que a preocupação com o meio ambiente ainda não estava tão em voga. Possui mais de 180 trabalhos publicados em periódicos nacionais e internacionais, fez mais de 250 comunicações em congressos nacionais e internacionais, assim como se apresentou em mais de 150 conferências nacionais e internacionais. É autora de 10 livros e escreveu capítulo em outros tantos livros.
Atualmente é professora emérita da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ.

 

Elizabeth Calvet (1960 – 2001)

Nasceu no Rio de Janeiro a 12 de maio de 1960. Filha de Danillo Calvet e Maria Madalena Calvet. Foi nas escolas públicas da cidade que fez o ensino fundamental e médio.
Iniciou curso de odontologia, mas freqüentou apenas dois períodos. Desejava outras incursões. Possuía o anseio de práticas, que possibilitasse a intervenção social. Foi com este espírito que no ano de 1987, juntamente com profissionais e psicólogos do Departamento do Sistema Penitenciário do Rio de Janeiro – DESIPE fundou o movimento de familiares e amigos dos/as presos(as). Logo após passa a fazer parte do Programa Integrado de Marginalidade – PIM, voltado para as populações em processo de marginalização; pessoas em prostituição, travestis, egressas(os) do sistema penal e população de rua. Foram surgindo outras necessidades e em parceria com os travestis que atuavam no PIM funda a ASTRAL- Associação de Travestis e Liberados e depois o projeto Acorda Egresso.
Sempre em busca de desafios e ciente das dificuldades vivenciadas por alguns grupos específicos, tais como, mulheres negras e lésbicas; interessa-se pelo movimento feminista e através da professora Vanda Ferreira, passa a militar no movimento negro.
Em dezembro de 1994 faz parte do grupo de seis mulheres que fundam o Centro de Documentação e Informação Coisa de Mulher- CEDOICOM e em 1995 com outras companheiras cria o Coletivo de Lésbicas do Rio de Janeiro – COLERJ. Nestas organizações teve oportunidade de desenvolver inúmeras ações em defesa dos direitos das mulheres. Atuou, especialmente, nas áreas de prevenção às DST/AIDS, em políticas públicas em prol das internas e egressas do Sistema Penal e em defesa dos direitos das mulheres lésbicas.
Participou de inúmeros encontros, debates, seminários nacionais e internacionais assim como ajudou organizar outros tantos. Foi à Hamburgo-Alemanha, onde participou de encontro de mulheres migrantes; em Berlim e Altona fez palestras sobre a situação das mulheres encarceradas. Na República Dominicana, onde esteve por duas vezes participou do Encontro Mulher e Democracia (Santo Domingo) e do Encontro Feminista da América Latina e do Caribe (Juan Dolio). Esteve também em Havana-Cuba e Madri fazendo contatos com mulheres de organizações afins.
Em reconhecimento ao seu valoroso trabalho, Elizabeth foi indicada pelo movimento social e ocupou a primeira vaga, como lésbica, no CEDIM. Recebeu Moção de Louvor e Reconhecimento em 2000, por iniciativa da vereadora Jurema Batista, da Câmara de Vereadores do Rio e os prêmios post mortem Felipa de Souza por International Gay and Lesbian Human Rights Comission e The Certificate of Recogniton for Califórnia State Assembly. Em sua homenagem o Coletivo de Lésbicas do Rio de Janeiro passou a ser chamado Coletivo de Lésbicas do Rio de Janeiro Elizabeth Calvet.
Beth faleceu em 10 de setembro de 2001, aos 41 anos, de causa desconhecida deixando um legado de luta e o ensinamento de que apenas a intervenção participativa será capaz de transformar a sociedade viável para todos os grupos sociais, independente de sua cor ou orientação sexual. (colaboração de Neusa das Dores)
 

Edna Savaget (1923 – 1998)

Nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 1923. Precursora dos programas femininos de TV e rádio no Brasil. Fez parte de um das primeiras turmas de jornalismo da Faculdade Nacional de Filosofia, atualmente Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ.
Estreou na TV Tupi em 1957 e durante anos esteve à frente de programas voltados para o público feminino. Em 1965 trabalhou na TV Globo, no comando da programação vespertina da casa e do Show da cidade, considerado o embrião do Jornal Hoje. Foi a primeira mulher a fazer um programa ao vivo na emissora. Também trabalhou em outros canais de televisão como a Bandeirantes, Continental e Record. Conhecedora e grande incentivadora da literatura brasileira, sempre abriu espaço para a divulgação da produção literária e seus autores. Paralelamente investiu, durante anos, em programas radiofônicos, na Rádio Nacional, Tupi, Eldorado e MEC, pois considerava o rádio um grande instrumento de comunicação massiva.
Inovadora e antenada com as necessidades do seu público, procurava tratar em seu programa, além dos temas tradicionais como culinária, artesanato, primeiros socorros, de assuntos informativos, polêmicos e mais ligados as transformações que estavam ocorrendo no mundo feminino, como por exemplo, amamentação, parto sem dor, métodos contraceptivos, direitos das mulheres, relações de gênero, entre outros. Trazia à tona as discussões do universo feminino de forma mais democrática e descartava a futilidade. Profissional inteligente e de memória invejável, idealizou uma TV voltada para a prestação de serviço e também voltada para cultura e o lazer.
Seu último programa foi na TV Bandeirante, e levava seu nome, saiu do ar em 1989. Na TV Educativa, hoje TV Brasil participou como debatedora do programa Sem Censura, na época apresentado por Lúcia Leme.
Em sua carreira literária publicou cinco livros: Breviário de Salvador, e Contato, ambos de poesia. Plenamente solidão, um romance. O infantil: A menina e o peixinho dourado, e finalmente o livro: Silêncio no estúdio, sobre os bastidores da Rede Globo e da TV Tupi.
Morreu vítima de câncer no fígado em setembro de 1998, aos 75 anos.
 

Edith do Prato (1916 – 2009)

Edith Oliveira Nogueira, mais conhecida por Edith do Prato, nasceu em Santo Amaro da Purificação, BA em 1916.
Cantora, percussionista e festeira inveterada, Edith é hoje reverenciada como uma das riquezas da cultura baiana e grande dama do samba de roda do recôncavo. Começou sua trajetória artística como cantora amadora em sua terra natal. Era sempre convidada a tocar em aniversários e carurus. O pai ao perceber a alegria e satisfação da então menina permitia. Foram nas festas que conheceu tanto o primeiro quanto o segundo marido (ambos já mortos).
Com timbre peculiar, entoa samba-de-roda como ninguém, raspa a faca no prato com maestria, numa cadência tão peculiar que esta prática lhe valeu o nome artístico.
Sua estréia artística ocorreu no início dos anos de 1970 quando os cantores e compositores César e Roberto Mendes a levaram para participar com eles em um espetáculo em Feira de Santana (BA). A coroação do seu talento aconteceria anos depois quando no teatro Castro Alves, em Salvador, BA, dividiu o palco e os aplausos com Caetano Veloso (de quem foi ama de leite), Chico Buarque e MPB4.
Dona Edith do Prato, com sua alegria, paixão pelas festas e sambas-de-roda, é uma das artistas baianas que inscreveu a cidade de Santo Amaro no mapa cultural musical da Bahia.

Morreu em Salvador no dia 08 de janeiro de 2009.

 

Dulce Chacon (1906-1982)

Maria Dulce Chacon de Albuquerque, mais conhecida por Dulce Chacon; nasceu no Recife-Pernambuco a 8 de janeiro de 1906. Educadora e escritora pertenceu a Academia Pernambucana de Letras.
Aluna da turma inaugural da Escola Normal de Pernambuco liderou nesta Instituição uma das primeiras greves de estudantes no Brasil. Ainda muito jovem, participou do movimento da Escola Nova, na década de 1920. Filha, sobrinha e neta de perseguidos políticos conviveu com a profusão de idéias e discussões sobre política, democracia e direitos do cidadão.
Escolheu a carreira de professora por opção, por reconhecer nesta atividade um campo de atuação que lhe permitia colocar em prática suas idéias de uma nova educação; mais integradora e inclusiva.
Paralelamente as sua atividades de educadora escrevia livros, quase todos voltados para sua área de interesse profissional e social. São de sua autoria: Testes escolares (1937 Crianças do Recife e seus problemas (1965); A criança e o jogo (1959); Receitas mágicas (1973); Medo de criança (1979); Coragem de professora (1983). Faleceu em 1982.

 

Dorina Nowill (1919-2010)

Dorina Nowill (1919-2010)

Nasceu em São Paulo em 1919. Aos 17 anos ficou cega e com muita perseverança e força de vontade decidiu continuar seus estudos. Nesta época, os portadores de deficiência visual encontravam muitos limites para a leitura, uma vez que eram escassas as publicações adequadas. Lutando contra essa realidade, no ano de 1946, Dorina e um grupo de amigas, criaram a Fundação para o Livro do Cego no Brasil. Esta organização recebeu, em 1991, seu nome, pelo reconhecimento de seu trabalho.
Dorina abriu fronteiras para os portadores de deficiências visuais no Brasil. Foi a primeira aluna cega a matricular-se numa escola comum, em São Paulo, enfrentando com isto todos os obstáculos advindos da dificuldade de ocupar lugares não adaptados para receber deficientes, assim como o despreparo dos profissionais. Com determinação e compreensão do papel da educação para a inclusão das pessoas na sociedade conseguiu, depois de muita insistência que, em 1945, a Escola Caetano de Campos, em São Paulo, implantasse o primeiro curso de formação de professores para o ensino de cegos. Estas foram as primeiras vitórias dentre muitos outras que viriam.
Nunca descuidou de sua formação, conciliando-a com as necessidades que percebia para qualificar-se para o trabalho de conseguir alternativas que ajudassem superar a exclusão de pessoas. Fez curso de especialização na área de deficiência visual na Universidade de Colúmbia, nos Estados Unidos, com uma bolsa de estudos patrocinada pelo governo americano, pela Fundação Americana para Cegos e pelo Instituto Educacional de Educação. Após retornar para o Brasil dedicou-se a implantação da primeira imprensa braille de grande porte no país, sendo também responsável pela criação, na Secretaria da Educação de São Paulo, do Departamento de Educação Especial para Cegos. A educação sempre foi uma de suas bandeiras, enfrentou batalha ferrenha no sentido de conseguir que a educação para cegos fosse atribuição do Governo. O direito a educação dos cegos foi regulamentado em lei. Entre os anos de 1961 e 1973 dirigiu o primeiro órgão nacional de educação de cegos no Brasil. Sua luta também se extendia a implantação de serviços para cegos em diversos estados no Brasil assim como idealizou eventos e campanhas para prevenção da cegueira.
Dorina representou o Brasil internacionalmente ao participar de organizações mundiais voltadas aos direitos de os deficientes visuais e órgãos da ONU. Em 1979 foi eleita Presidente do Conselho Mundial dos Cegos. No Ano Internacional da Pessoa Deficiente – 1981, Dorina, falou na Assembléia Geral da ONU.
Trabalhou intensamente para a criação da União Latino América de Cegos – ULAC
Protagonista de uma história admirável. Dedicou sua vida em prol do desenvolvimento e da inclusão social de pessoas com deficiência visual. Faleceu aos 91 anos, vítima de uma parada cardíaca, no dia 29 de agosto de 2010. Dorina deixou 5 filhos, 12 netos e 3 bisnetos. Além de uma grande história de vida, baseada na luta por direitos, na persistência e na conquista de uma cidadania digna e de um espaço na sociedade.