Cora, coração, Coralina

Vocês sabiam que….

a escritora e poetisa Cora Coralina chamava-se Anna Lins dos Guimarães Peixoto Brêtas. Segundo ela, “teve medo de seus versos serem atribuídos a uma Ana mais bonita”. Cora vem de coração e Coralina foi uma homenagem ao Rio Vermelho que via e ouvia de sua janela. Cora escreveu que a ponte sobre o Rio Vermelho: “de águas avolumadas, que correm, como sempre, cantando e pulando de pedra em pedra”. Uma bela homenagem ao que servia como fonte de inspiração para seus poemas. 

Na cidade de Goiás, terra natal da poetisa, nasciam muitas Annas em homenagem a padroiera SantAnna. Por isso, Cora Coralina criou um pseudônimo para assinar seus lindos versos e não ser confundida com tantas outras. 

Fonte: Brasil almanaque de cultura popular, agosto de 2010.

Primeira médica formada no Brasil

A gaúcha Rita Lobato Velho Lopes (1861-1954), decidiu estudar medicina três anos depois que um decreto imperial permitiu o acesso das mulheres aos cursos superiores. Rita ingressou em 1885, na Escola de Medicina da Bahia. Formou-se, com distinção, no dia 10 de dezembro de 1887, defendendo a tese “O paralelo entre os métodos preconizados na operação cesariana”

08 de março – Dia Internacional da Mulher

Em agosto de 1910, se realizou, na cidade de Copenhagen, Dinamarca, a II Conferência Internacional das Mulheres Socialistas, num contexto onde a luta pelo reconhecimento da mulher enquanto trabalhadora e cidadã provocavam incômodos, ganhava novos contornos e, também maior visibilidade. O cenário era de profundas desigualdades: a maioria das mulheres não tinha direito ao voto, a jornada de trabalho das operárias ultrapassava 70 horas semanais e os salários eram desiguais para homens e mulheres no desempenho da mesma função. Foi nesse Congresso que Clara Zetkin e outras companheiras propuseram a criação do Dia Internacional da Mulher, a ser celebrado uma vez por ano em todos os países, conforme publicado, em agosto de 1910, no jornal A Igualdade, dirigido por Clara: As mulheres socialistas de todas as nações organizarão um Dia das Mulheres específico, cujo primeiro objetivo será promover o direito de voto das mulheres. É preciso discutir esta proposta, ligando-a a questão mais ampla das mulheres, numa perspectiva socialista. Embora haja controvérsia quanto às origens da escolha do dia 08 de março como o Dia Internacional da Mulher, durante anos propagou-se que a data foi escolhida para homenagear as 129 operárias mortas num incêndio, ocorrido em 08 de março de 1857, na cidade de Nova Iorque. Envolto em contradições e polêmicas reza a história que nesse dia centenas de operárias ocuparam a fábrica em que trabalhavam gritando palavras de ordem, reivindicando, redução na carga diária de trabalho, melhores condições de trabalho, etc. A manifestação foi reprimida com violência e a fábrica incendiada com as manifestantes no seu interior. Desde 1911, o Dia Internacional da Mulher, firmou-se como oportunidade dos movimentos feministas darem visibilidade as suas agendas, onde passaram a reivindicar a inserção das mulheres no mercado de trabalho, salários iguais, maior participação nas instâncias de decisão, combate a violência doméstica e sexual, defesa dos direitos sexuais e reprodutivos, dentre outros temas; com o propósito de ampliar a autonomia das mulheres e fazer valer seus direitos. Assim, como resposta à intensa mobilização de mulheres em várias partes do mundo somado à indicação de uma grande conferência internacional, realizada na Cidade do México, com a presença de delegações de diversos países, a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu o ano de 1975 como o Ano Internacional da Mulher. De forma crescente, nas últimas décadas, para além da mobilização dos movimentos de mulheres que habilidosamente aproveita essa data para reflexões e coletivamente denunciarem as desigualdades de classe, gênero e étnico-raciais, assim como, fortalecer a luta pela legalização do aborto, superar a violência contra as mulheres, brigar por maior participação política, igualdades salariais, lutar contra o racismo, etc., se tornou oportunisticamente, para outros, uma data comercial, festiva, que vai dos anúncios de cervejas, faixas em postos de gasolina a entrega de flores e bombons para as mulheres. Ainda assim, é uma data que simboliza a busca de igualdade social entre homens e mulheres e o respeito às diferenças.

Nossas homenagens as parteiras do samba

No começo do século XX, o célebre matriarcado da comunidade negra reunia talento, fé e criatividade nas imediações da Praça Onze, no Rio de Janeiro. Algumas senhoras baianas, chamadas de tias, moravam em casarões, onde promoviam festas que chegavam a durar uma semana. Eram bailes nas salas de visita, samba de partido alto nos fundos e batucadas nos terreiros. Essas senhoras exerciam uma liderança decisiva no cotidiano da comunidade afro-carioca. Entre elas: Tia Gracinda, Tia Sadata, que foi a fundadora do Rancho da Sereia, Tia Dadá, Tia Amélia e Tia Presciliana. Dessas senhoras, a mais conhecida e reverenciada foi Hilária Batista de Almeida, Tia Ciata, que chegou ao Rio de Janeiro por volta de 1870, com 20 anos de idade. Os estudiosos afirmam que foi em sua casa que nasceu o samba carioca. O primeiro desfile de escolas de samba, ainda extra-oficiais, aconteceu em 1932, na Praça Onze. Trinta anos depois, em 1962, após varias mudanças de endereço, aportou na Av. Rio Branco, onde pela primeira vez foram montadas arquibancadas e colocados a venda ingressos para cerca de 3.500 pessoas. Em 1984, a Passarela do Samba foi inaugurada, transformando-se no lugar definitivo para os desfiles cariocas. Do coração desses núcleos de criação do carnaval surgem duas compositoras, também cantoras: D. Ivone Lara, que em 1947, tornou-se a primeira mulher a compor um samba enredo, e Lecy Brandão. Nesse mesmo ano, Tia Eulália – Eulália de Oliveira Nascimento, abriu as portas da sua casa, na comunidade da Serrinha, para o encontro que resultou na fundação da Escola de Samba Império Serrano. A jongueira Vovó Maria Joana também foi co-fundadora dessa tradicional agremiação. A Estação Primeira da Mangueira celebrizou duas de suas lideranças: Neuma Gonzalves e Euzébia Silva Nascimento – Dona Zica, que além de desenvolverem importantes trabalhos sociais na comunidade, escreveram seus nomes em verde e rosa na história do carnaval carioca. A carnavalesca Rosa Magalhães é a responsável pela conquista de cinco títulos de campeã para Imperatriz Leopoldinense. As escolas de samba do Rio de Janeiro, sobretudo a partir dos anos 90, realizam em duas noites por ano, um dos maiores espetáculos da terra. São cerca de 50.000 foliões, entre mulheres e homens, que desfilam para uma platéia de 80.000 pessoas, sendo vistos por dezenas de milhões de telespectadores, tanto no Brasil como em várias outras partes do mundo.

Carlota Joaquina de Bourbon

Uma mulher condenada pela História “Praticamente não há na história luso-brasileira personagem que tenha sido tão severamente criticada e pessoalmente desmoralizada quanto Carlota Joaquina” (Francisca Nogueira de Azevedo – Professora, doutora do Departamento de História do IFCS/UFRJ). Nesses duzentos anos da chegada da Família Real ao Brasil, lembramos uma personagem intrigante e emblemática da corte portuguesa: Carlota Joaquina de Bourbon. Ela nasceu nos arredores de Madri (Espanha), em 1775; casou-se, com apenas dez anos de idade, com o então príncipe de Portugal D. João, em 08 de maio de 1785. Em 1792, D. João torna-se príncipe regente, e, por conseguinte Carlota tornou-se princesa-regente consorte de Portugal. Carlota possuía personalidade forte e grande habilidade política, no entanto o machismo da época não poderia suportar tais qualidades em uma mulher, por isso foi retratada por muitos como uma mulher histérica, ambiciosa, violenta e extravagante, em oposição ao do rei, considerado bondoso e frágil diante do comportamento da esposa. Porém, para além dos estereótipos, que a colocaram sob suspeita aos olhos do povo e em dificuldades no trato com seu marido; protagonizou inúmeros episódios que abalariam o prestígio e a confiabilidade da monarquia. Muita vezes o casal travava uma verdadeira batalha. Carlota conquistou adesões e articulou diversos planos para interditar seu marido e ocupar o trono português. Tentou evitar a vinda da corte para Colônia, não obtendo sucesso desembarcou, em 1808, na Bahia e depois no Rio de Janeiro onde fixou residência. Após a morte de D. Maria I, em 1816, o príncipe regente tornou-se oficialmente o rei D. João VI e D. Carlota Joaquina, a rainha de Portugal, Brasil e Algarve. Em terras brasileiras continuou suas estratégias de conquista do poder, mantendo-se atenta as questões políticas do “Velho Mundo”, tentou assumir o lugar de seu irmão Fernando VII, rei de Espanha, tomar posse da coroa ibérica, unir os dois reinos e torna-se Imperatriz das Américas. De volta a Portugal, em 1821, Carlota recusa-se a jurar a Constituição, tendo por isso sua cidadania portuguesa cassada. O espírito de inquietude continuava a trazer dificuldades a Carlota e sua tendência ao jogo político ainda lhe colocou em sérios apuros. Morreu em 1830.

Confetes e serpentinas de um carnaval que passou…

Nas primeiras décadas setecentistas, os colonizadores portugueses, introduziram no país os festejos quaresmais, denominados entrudos, nos quais as pessoas, sobretudo a população que transitava diariamente pelas ruas, se emporcalhavam mutuamente, jogando água e farinha umas nas outras. Ao longo dos séculos, essas manifestações urbanas foram transformando-se no célebre carnaval brasileiro da atualidade. Em meados do século XIX, parte da sociedade reivindicava brincadeiras carnavalescas menos agressivas e sem muita sujeira. Foi então, que em 1840, a proprietária de um Hotel no Rio de Janeiro promoveu o primeiro baile de carnaval da cidade, popularizando as sofisticadas festas de mascaras realizadas somente para a nobreza durante o primeiro reinado. As cadências que animavam o salão eram as polcas, mazurcas, valsas e o maxixe, único ritmo tipicamente brasileiro tocado nas festas. Em 21 de fevereiro de 1846, a atriz e cantora italiana Clara Delmastro organizou um bem sucedido baile a fantasia no Teatro São Januário. Compareceram mais de mil casais de foliões mascarados e durou até altas horas da madrugada. O sucesso desse evento transformou definitivamente o conceito dos festejos de carnaval. A partir dessa época as mulheres “de família”, até então proibidas de participar dos entrudos, marcaram presença nos bailes cariocas.

Primeira romancista é brasileira

O primeiro romance publicado por uma mulher em língua portuguesa foi o da brasileira Teresa Margarida da Silva e Orta, em 1752. O livro se chamava Máximas de virtude e formosura e foi reeditado sob o nome Aventuras de Diófanes. Teresa utilizava o pseudônimo de Dorotéia Engrássia Tavareda Dalmira

Ascensão profissional

Uma brasileira criou, em 2002, o sistema tributário do Timor Leste. A secretária adjunta da Receita Federal, Luciana Cussi, de 50 anos partiu para uma missão de dois anos no Timor. O país é um dos mais pobres da Ásia e está em reconstrução.

Violência contra a mulher

Em junho de 2002, uma jovem de 18 anos foi estuprada por quatro homens numa província no leste do Paquistão. Ela foi condenada por uma corte tribal a sofrer um estupro coletivo pagando por um suposto envolvimento do irmão, de 12 anos, com uma mulher de uma casta superior. Esse caso não é isolado. Segundo relatório da polícia local, no mesmo mês, 53 homens foram acusados de estuprar 22 mulheres no mesmo distrito. Dessas mulheres, uma se matou e outra foi assassinada para não identificar os estupradores. Mais de 300 mulheres são assassinadas por ano no Paquistão por motivos à honra familiar.

Frases retiradas de revistas femininas da década de 50 e 60

Não se deve irritar o homem com ciúmes e dúvidas. (Jornal das Moças, 1957) – Se desconfiar da infidelidade do marido, a esposa deve redobrar seu carinho e provas de afeto. (Revista Cláudia, 1962) – A desordem em um banheiro desperta no marido a vontade de ir tomar banho fora de casa. (Jornal das Moças, 1945) – A mulher deve fazer o marido descansar nas horas vagas. Nada de incomodá-lo com serviços domésticos. (Jornal das Moças, 1959) – Se o seu marido fuma, não arrume briga pelo simples fato de cair cinzas no tapete. Tenha cinzeiros espalhados por toda casa. (Jornal das Moças,1957) – A mulher deve estar ciente que dificilmente um homem pode perdoar uma mulher por não ter resistido às experiências pré-núpciais, mostrando que era perfeita e única, exatamente como ele a idealizara. (Revista Claudia,1962) – Mesmo que um homem consiga divertir-se com sua namorada ou noiva, na verdade ele não irá gostar de ver que ela cedeu. (Revista Querida, 1954) – É fundamental manter sempre a aparência impecável diante do marido. (Jornal das Moças, 1957) E finalizar a mais mais de todas : – O LUGAR DE MULHER É NO LAR. O TRABALHO FORA DE CASA MASCULINIZA. (Revista Querida, 1955)