Em agosto de 1910, se realizou, na cidade de Copenhagen, Dinamarca, a II Conferência Internacional das Mulheres Socialistas, num contexto onde a luta pelo reconhecimento da mulher enquanto trabalhadora e cidadã provocavam incômodos, ganhava novos contornos e, também maior visibilidade. O cenário era de profundas desigualdades: a maioria das mulheres não tinha direito ao voto, a jornada de trabalho das operárias ultrapassava 70 horas semanais e os salários eram desiguais para homens e mulheres no desempenho da mesma função. Foi nesse Congresso que Clara Zetkin e outras companheiras propuseram a criação do Dia Internacional da Mulher, a ser celebrado uma vez por ano em todos os países, conforme publicado, em agosto de 1910, no jornal A Igualdade, dirigido por Clara: As mulheres socialistas de todas as nações organizarão um Dia das Mulheres específico, cujo primeiro objetivo será promover o direito de voto das mulheres. É preciso discutir esta proposta, ligando-a a questão mais ampla das mulheres, numa perspectiva socialista. Embora haja controvérsia quanto às origens da escolha do dia 08 de março como o Dia Internacional da Mulher, durante anos propagou-se que a data foi escolhida para homenagear as 129 operárias mortas num incêndio, ocorrido em 08 de março de 1857, na cidade de Nova Iorque. Envolto em contradições e polêmicas reza a história que nesse dia centenas de operárias ocuparam a fábrica em que trabalhavam gritando palavras de ordem, reivindicando, redução na carga diária de trabalho, melhores condições de trabalho, etc. A manifestação foi reprimida com violência e a fábrica incendiada com as manifestantes no seu interior. Desde 1911, o Dia Internacional da Mulher, firmou-se como oportunidade dos movimentos feministas darem visibilidade as suas agendas, onde passaram a reivindicar a inserção das mulheres no mercado de trabalho, salários iguais, maior participação nas instâncias de decisão, combate a violência doméstica e sexual, defesa dos direitos sexuais e reprodutivos, dentre outros temas; com o propósito de ampliar a autonomia das mulheres e fazer valer seus direitos. Assim, como resposta à intensa mobilização de mulheres em várias partes do mundo somado à indicação de uma grande conferência internacional, realizada na Cidade do México, com a presença de delegações de diversos países, a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu o ano de 1975 como o Ano Internacional da Mulher. De forma crescente, nas últimas décadas, para além da mobilização dos movimentos de mulheres que habilidosamente aproveita essa data para reflexões e coletivamente denunciarem as desigualdades de classe, gênero e étnico-raciais, assim como, fortalecer a luta pela legalização do aborto, superar a violência contra as mulheres, brigar por maior participação política, igualdades salariais, lutar contra o racismo, etc., se tornou oportunisticamente, para outros, uma data comercial, festiva, que vai dos anúncios de cervejas, faixas em postos de gasolina a entrega de flores e bombons para as mulheres. Ainda assim, é uma data que simboliza a busca de igualdade social entre homens e mulheres e o respeito às diferenças.