Lançamento do Livro Mulheres no Poder – trajetórias na política a partir da luta das sufragistas do Brasil

No dia 13 de novembro de 2015 ocorreu o lançamento do livro Mulheres no Poder – trajetórias na política a partir da luta das sufragistas do Brasil, de autoria de Schuma Schumaher e Antonia Ceva. 

Recebemos as presenças de convidadas ilustres, tais como: Iolanda Fleming (primeira governadora do Acre e do Brasil), Jandira Feghali (deputada federal), Benedita da Silva (deputada federal), Marta Rocha (deputada estadual) e muitas outras mulheres que romperam e rompem barreiras, ocupando espaços de poder.

Além do autógrafo das autoras, o Grupo Cênico Palavra de Mulher, encabeçado por Shirley Cruz, apresentou pequenas esquetes sobre o voto feminino ao longo da nossa História.

Para finalizar, a cantora Carine Corrêa e o percussionista Almir Alves fizeram um dueto com composições que enaltecem as mulheres.

Vídeo do Projeto Memória Lélia Gonzalez – o feminismo negro no palco da História

Assista ao vídeo documentário Lélia Gonzalez – o feminismo negro no palco da História, produzido pela Abravideo. Este material audio visual é uma das cinco peças que compõem o Projeto Memória Lélia Gonzalez, de autoria da FBB, em parceria com a REDEH e a Brasilcap. Um vídeo educativo de 20 minutos, o qual traz depoimentos de amig@s, pesquisador@s, ativistas que conviveram com a homenageada. Não percam, compartilhem e disseminem o grande legado deixado por Lélia Gonzalez.

Lançamento do Projeto Memória Lélia Gonzalez – SOS Corpo – 03 de março de 2015

No dia 03 de março de 2015, a Rede de Desenvolvimento Humano e o SOS Corpo lançaram o Projeto Memória Lélia Gonzalez – o feminismo negro no palco da História, no Centro Cultural Feminista do SOS Corpo, na Rua Real da Torre, 593 – Madalena – Recife/Pernambuco. 

O evento contou com a presença da ex-ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Luiza Bairros, a qual participou de uma roda de conversa sobre “A contribuição do pensamento de Lélia Gonzalez”.

Além deste debate, foram apresentados todos os materiais elaborados para o Projeto: um livro fotobiográfico, de autoria da filósofa Sueli Carneiro; um Almanaque Histórico, de autoria do Professor Paulo Corrêa; um site; um video documentário, produzido pela Abravideo e uma exposição de autoria de Antonia Ceva.

Lançamento Oficial do Projeto Memória Lélia Gonzalez no CCBB/RJ

A Rede de Desenvolvimento Humano, a Fundação Banco do Brasil e a Brasilcap lançaram no dia 24 de fevereiro de 2015, no Centro Cultural Banco do Brasil/RJ, o Projeto Memória Lélia Gonzalez – o feminismo negro no palco da História. 

Foram apresentados os cinco materiais elaborados para o Projeto: um livro fotobiográfico, de autoria da filósofa Sueli Carneiro; um Almanaque Histórico, de autoria do professor Paulo Corrêa; um site; um video documentário, produzido pela Abravideo e uma exposição, de autoria de Antonia Ceva. 

Além do Lançamento Oficial, foi realizado um Tributo à Lélia, com breves depoimentos de amigas/os, familiares, pesquisadoras/es que com ela conviveram diretamente ou indiretamente.

A culpa é da vítima!

A pesquisa divulgada pelo IPEA, sobre estupro, confirmou uma sentença que frequentemente ocorre no Brasil: a culpa é da vitima. Se as mulheres não usassem determinadas roupas- na realidade a falta de roupas- não haveria tantos estupros.  O que se espera que as mulheres usem num país tropical de herança indígena? Pior ainda, este raciocínio desconhece que homens são estuprados nas cadeias do país e às vezes fora delas. Desconhece, também, que índios andam nus e não estupram. Consagra o raciocínio da violência justificada, na mesma linha do linchamento e do justiçamento.

A sociedade brasileira é violenta, no trânsito e fora dele; é também fortemente discriminadora quanto à raça, cor, religião, origem regional e gênero. O jogador Tinga demonstrou isto com lucidez. E pior, nordestinos discriminam negros, religiosos discriminam homossexuais, machões discriminam mulheres, alguns judeus discriminam goys, ricos fazem o mesmo com pobres. E se você for pobre, negro, nordestino, homossexual e ateu?

Penso que por trás da justificativa de que as mulheres incitam o estupro, esteja a ideia de que a mulher é mercadoria oferecida ao público; portanto se me seduziu tem que ir até o fim, queira ou não.  Uma coisa que enlouquece os homens é ser excitado e deixado na mão; mas daí usar esta característica masculina para justificar o estupro é uma vilania abjeta. Não nos esqueçamos de que existe o estupro doméstico.

A tristeza aumenta quando a pesquisa revela que mulheres introjetam este raciocínio e o justificam.  O único aspecto positivo que ressalta da pesquisa é que campanhas públicas contra o estrupo diminuem as ocorrências.

O estupro é uma forma de tortura, deixa marca para o resto da vida, na alma.

Têm-se um movimento tortura nunca mais. Porque não um movimento estupro nunca mais? Para mim, estupro é um crime hediondo.

Que país é este?

Francisco Marcelo Ferreira

“Hoje, sinto vergonha de ser homem”

Hoje sinto vergonha de ser homem”
Posted: 28 Mar 2014 06:13 AM PD

Leonardo Sakamoto, em seu blog

Estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revelou que 42,7% da população concorda totalmente que “mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas” e 22,4% concordam parcialmente com a afirmação. E 35,3% concordam totalmente que “se as mulheres soubessem como se comportar, haveria menos estupros”. Outros 23,2% concordam parcialmente.

Quem se assustou com isso não conhece o país em que vive.

Vou reproduzir um comentário que já havia feito:

Para uma parcela considerável da sociedade, não se enquadram na categoria de “vagabundas” apenas mães e avós, que dormem o sono das santas católicas, enquanto quem é “da vida” povoa as ruas e a madrugada.

Porque “mulher de bem” cuida da família, não sai sozinha ou à noite, não aceitaria nunca colocar um vestido acima do joelho e deixar as costas de fora, não bebe, fuma ou tem vícios detestáveis, não ama apenas por uma noite e não ri em público, escancarando os dentes a quem quer que seja.

“Mulher de bem” permanece em casa para servir o “homem de bem” e estar à sua disposição como empregada, psicóloga, enfermeira, cozinheira ou objeto sexual, a qualquer hora do dia e da noite. Por que? Porque, na cabeça dessa parcela considerável da sociedade, elas pertencem a eles. Porque assim sempre foi, é assim que se ensinou e foi aprendido. É a tradição, oras!

E o discurso da tradição, muitas vezes construído de cima para baixo para manter alguém subjugado a outro não pode ser questionado.

Nesse sentido, quem ousa sair desse padrão, pode ser vítima de alguns “corretivos sociais”. Reclamamos de estúpidos muçulmanos que, do alto de uma interpretação bisonha do Corão, atacam mulheres que resolveram ser independentes, mas acabamos por fazer o mesmo aqui. Não é a contundência de um vidro de ácido lançado no rosto de quem deixou a burca ou o shador em casa. Mas pode corroer tão fundo quanto e deixar marcas que podemos não perceber.

Corretivos sociais que aparecem na forma de “inocentes” brincadeiras, de comentários maldosos, de críticas abertas, de encoxadas humilhantes, de assédio psicológico ou físico, de tentativas e de estupros consumados.

As formas de violência que não envolvem agressão física são também perversas porque, como tal, não são encaradas. “Não foi nada demais, apenas uma brincadeira” ou “Esqueça! Ele é jovem! Só está fazendo molecagem.”

Uma mulher que conversa de forma simpática em uma festa está à disposição.

Uma mulher que se veste da forma como queira está à disposição.

Um grupo de mulheres sem “seus homens”, andando na noite, está à disposição.

Depois perguntam o porquê de Marchas das Vadias acontecerem ao redor do mundo para protestar pelo direito de viver da forma que melhor convier.

Torço para que a quantidade bizarra de histórias sobre rapazes que crêem que moças são objetos à sua disposição seja consequência do aumento de informação circulando por conta do crescimento das ferramentas de redes sociais e não por causa de uma mudança no seu comportamento. Ou seja, fatos que já aconteciam antes e que, agora, deixaram a penumbra e ganharam visibilidade. Caso contrário, vou entrar em depressão profunda.

– Você não tem namorado. Se tivesse, ele não te deixava sair sozinha.
– Mulher minha só vai para festa comigo do lado.
– Não importa que você não queira, se não me der um beijo, eu não deixo você ir.
– A culpa não é minha, olha como você tá vestida!
– Se saiu de casa usando só isso de roupa, é porque estava pedindo.
– Ei, mina, se liga! Se não queria ficar comigo, porque topou trocar ideia?

Como já trouxe aqui, o homem precisa começar a entender que tem direito ao afeto, às emoções, a sentir. Passar a ser homem e não macho. Começar a mexer na sua programação que, desde pequeno, o ensina a ser agressivo e a tratar mulheres como coisas. Raramente a ele é dado o direito que considere normal oferecer carinho e afeto em público. Legal é xingar, machucar, deixar claro quem manda e quem obedece. O contrário é coisa de mina. Ou, pior, de bicha.

E vale ressaltar: homens e mulheres responderam essas aberrações no estudo, sendo as mulheres, aliás, a maior parte. Porque esse sistema de homens conta com soldados de ambos os lados. Não importa de onde vem o preconceito, a matriz continua machista. Meninos e rapazes, mas também meninas e moças, deveriam ser devidamente educados, desde cedo, para que não se tornassem os monstrinhos hoje formados em ambientes que fomentam o machismo, como família, igrejas e escolas.

Enquanto o processo de conscientização caminha, o Estado deve deixar claro que violência contra mulheres, seja ela física ou verbal, não pode ficar sem punição. Pois enquanto uma mulher não tiver a garantia de que não será importunada, ofendida ou violentada, com ações ou palavras, toda a sociedade vai ter uma parcela de culpa. Pelo que fez. Pelo que deixou de fazer. Ou seja, não fiquem tranquilos se estiverem na porcentagem que respondeu outra coisa.

Enfim, a pesquisa apenas confirma o que já sabemos. Mesmo assim, ver os números, escancarados, gera uma sensação ruim.

Sim, hoje é um daqueles dias em que sinto uma enorme vergonha de ser homem.

O post “Hoje sinto vergonha de ser homem” apareceu primeiro em Pragmatismo Político.

A vergonhosa tolerância do brasileiro com o estupro

Posted: 28 Mar 2014 05:44 AM PDT

Um estudo divulgado nesta quinta-feira (27) pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) revela que a maioria da população brasileira acredita que “mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas” e que “se as mulheres soubessem como se comportar, haveria menos estupros”.

A pesquisa do Sistema de Indicadores de Percepção Social, do Ipea, sobre a tolerância social à violência contra as mulheres, entrevistou 3.810 pessoas em todas as unidades da federação durante os meses de maio e junho de 2013, sendo que as próprias mulheres representaram 66,5% do universo de entrevistados.

O estudo é divulgado logo após a ocorrência de casos de violência contra mulheres no transporte público em São Paulo.