Zezé Gonzaga (1926 – 2008)

  • Volume 2
  • Século: XX
  • Estado: MG
  • Etnia: Branca
  • Atividade: Cantora

Descrição:

Maria José Gonzaga, mineira da cidade de Além Paraíba, nascida em 1926, tinha a música no sangue, afinal era neta de maestro, filha de flautista (Oraide) e de fabricante de instrumentos de corda (Rodolpho). Desde criança, portanto, ouvia e respirava música. Em sua casa o violão, bandolim e o cavaquinho eram presenças constantes e cedo começou a estudar canto, piano e leitura musical.
De família humilde, graças a uma bolsa de estudos, trocada por pequenos serviços prestados pelo pai, pode concluir os estudos em Porto Novo, cidade vizinha a sua. Nessa localidade, aos doze anos fez sua primeira apresentação, cantando Neusa, de Antônio Caldas, pai de Sílvio Caldas que se tornaria sucesso mais tarde.
A grande oportunidade da vida de Zezé Gonzaga, como ficou conhecida, ocorreu em uma viagem de férias no Rio de Janeiro. Acabou convencida a participar do programa de calouros de Ary Barroso, acompanhada pelo pai, músico, e em dupla na flauta com a mãe. Obteve a nota máxima tendo direito a participar novamente do programa. Contudo, aos 16 anos (1942) precisou retornar para concluir os estudos. Nessa ocasião, em Porto Novo, costumava dar "canjas" em um Clube de Jazz o que lhe fez enfrentar na escola, ao lado da discriminação racial, também àquela à época destinada às mulheres artistas. Ao voltar ao Rio de Janeiro um ano depois, o programa havia acabado.
Partiu então, em 1945, para o programa de calouros da Rádio Clube do Brasil, onde se inscreveu com o pseudônimo de Daisy Barbosa, para não ser reconhecida, segundo revelaria tempos depois. Acabou como primeira colocada – dentre 92 candidatos/as, – e com um contrato para apresentar-se durante quinze minutos as terças e quintas-feiras. Zezé que chegou a pensar na carreira lírica, por questões econômicas acabou optando pela música popular – era o que tocavam as rádios – centrando seu repertório nas quatro cantoras a quem mais admirava: Isaurinha Garcia, Dircinha Batista, Aracy de Almeida e Odete Amaral. Um repertório próprio só aconteceria tempos depois ao conhecer o compositor Valzinho.
Vez por outra se apresentava nas Rádios do Ministério da Educação e do Jornal do Brasil.
Da amizade com Odaléia Sodré, na Rádio Clube resultou a criação da dupla Moreninhas do Ritmo. Quatro anos depois, em 1949, levada por Paulo Tapajós para a Rádio Nacional, a mais importante emissora de então, ao lado de Odaléia e Bidu Reis formou o trio As Moreninhas.
Na década de 1960, ocasião em que a bossa nova e o tropicalismo passaram a ocupar as rádios, Zezé abriu uma agência de jingles, atuando como cantora e compositora, resultado de sua experiência com discos de músicas infantis gravados nos anos 50. O mais famoso trabalho da agência foi a abertura do Projeto Minerva, apresentado pela Rádio MEC para todo o país.
Em 1976, aos 45 anos, partiu para Curitiba (PR) e com Maria da Penha, sua filha adotiva, assumiu a creche que instalaram na cidade. Sorte das crianças que podiam ouvir Zezé com exclusividade. A cantora, que nunca se casou foi noiva por duas vezes. A culpa pela "solteirice", como gostava de frisar, era pelo fato de que só lhe apareceram pretendentes mais novos. O falecimento de Maria da Penha em 1999 foi um grande baque em sua vida.
Seu retorno ao Rio de Janeiro e aos discos- o primeiro foi em 1956-, ocorreu em 1979, após uma proposta do músico Hermínio Bello de Carvalho. O LP com músicas do velho amigo Valzinho, acompanhadas por Radamés Gnatalli foi um sucesso e a colocou novamente no circuito dos shows musicais. Na década de 1980 realizou algumas apresentações pelo Brasil, com o grupo Cantoras do Rádio, mesmo nome do disco que gravou em grupo ao lado de Ellen de Lima, Carmélia Alves, Nora Ney, Rosita Gonzales e Violeta Cavalcanti. Individualmente, apresentou-se em projetos no Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro e em teatro pequenos no interior do país. Em 2002, com a cantora Jane Duboc gravou o CD Clássicos e realizou apresentações no Paço Imperial, no Rio de Janeiro.
Respeitada pela crítica, querida e prestigiada pelos/as fãs, Zezé que recebeu em 1956, um disco de ouro pela recriação do samba Ai, Ioiô (Linda Flor), foi homenageada em 2008, as vésperas de completar oitenta anos, pela Escola Portátil de Música, na UNIRIO, com o Diploma de Mestra Honorária da Canção Brasileira.