Selma do Coco ( 1935 – )

  • Volume 2
  • Século: XX
  • Estado: PE
  • Etnia: Negra
  • Atividade: Cantadora de coco e tapioqueira

Descrição:

Selma do Coco – Selma Ferreira da Silva ( 1935 – )
Cantadora de coco e tapioqueira

Nascida em Vitória de Santo Antão (PE), Selma Ferreira da Silva, conhecida como Selma do Coco, travou contato com o coco de roda ainda na infância, através dos avós e dos pais, ocasião em que cantava junto aos adultos.
Foi em Mustardinha, periferia da cidade de Recife (PE), para onde se mudou aos 10 anos, que casou, teve 10 filhos e ficou viúva aos 30 anos. Então, como forma de sobrevivência da família se dedicou à venda de tapioca, no Alto da Sé, Varadouro e na Ribeira, localizados na cidade histórica de Olinda, para onde se mudou no final da década de 1950.
A concorrência, contudo, era grande e para enfrentá-la, Selma associou a tradicional receita da culinária nordestina ao som do coco de roda, como forma de atrair clientes e turistas. A idéia deu certo, ganhou adeptos, e o quintal de sua casa vivia lotado, tanto assim que, atendendo ao pedido dos frequentadores/as chegou mesmo a gravar artesanalmente, algumas fitas com as músicas que cantava.
A partir da década de 1980 sua fama começou a se espalhar e Selma do Coco, aos 64 anos, passou a realizar shows. Em 1996 foi um dos destaques do Festival Abril pro Rock, ampliando sua a legião de fãs. No carnaval de 1997 uma de suas músicas, A Rolinha, tornou-se hit do carnaval e deu a Selma sucesso nacional, sendo interpretada por diferentes cantores.
Além do Brasil, Selma que recebeu em 1999 o prêmio Sharp de Música, pelo disco Minha História, já se apresentou em diversos países da Europa, inclusive com o patrocínio do Ministério da Cultura. Na Alemanha, a Rainha do Coco foi tema de um doutorado que trata de cultura popular e atendendo a convite do Instituto Cultural de Berlim participou da gravação de Heróis da Noite, disco no qual aparece ao lado, entre outros, de cantores africanos. Não foi o único, contudo, pois Cultura Viva foi gravado e mixado também na Alemanha e destinado ao público apreciador de World Music.
Nos Estados Unidos marcou presença no Festival Lincoln Center em Nova Iorque, sendo a única brasileira a ter participado do Festival de Jazz de Nova Orleans. Dentre as inúmeras homenagens que recebeu no Brasil, destaca-se aquela prestada pela Universidade de Brasília, em 2002.

A imprensa estrangeira- The New York Times- grandes jornais brasileiros, programas de televisão e uma das principais revistas femininas do país registraram a trajetória dessa mulher negra e nordestina, que tem sido de enorme importância para preservação das tradições nordestinas e brasileiras pelos quatros cantos do mundo.