Homenagem a Mãe Hilda Jitolu – Fotógrafo: Januário Garcia – Foto: Portal Lélia Gonzales

Hilda Dias dos Santos nasceu no bairro Cosme de Farias em Salvador, Bahia, no dia 06 de Janeiro de 1923. Filha de Cassiano Manuel Lima, que foi babalorixa do candomblé, cujo terreiro localizava-se no Caixa d’Água, bairro da capital baiana, com quem teve iniciação religiosa, em 1942, quando recebeu o nome de Hilda Jitolu. Dez anos depois, em 1952 ela fundou o Ilê Axé Jitolu.

Mãe Hilda teve cinco filhos, entre eles Antonio Carlos dos Santos, o Vovô, criador do Ilê Aiyê, o bloco afro mais tradicional do carnaval de Salvador. Foi nos espaços do terreiro que, aconteceram as primeiras reuniões que deram origem ao Ilê Aiyê, tendo por desdobramento o primeiro desfile carnavalesco, em 1975. Líder espiritual do bloco teve participação decisiva na elaboração da linha filosófica de trabalho e atividades do mesmo, que tem por principal atuação o resgate da auto-estima da população negra com o lema “Negro é lindo”. O Ilê Axé Jitolu constituiu-se, portanto em espaço onde eram pensados e articulados, sob a liderança de Mãe Hilda Jitolu, as estratégias de enfrentamentos pacíficos e combate incisivo a discriminação racial; tornando-se uma das maiores referências de luta contra o racismo no Brasil.

Era da sacada de sua residência que Mãe Hilda Jitolu, comandava a cerimônia religiosa que antecedia os desfiles do Ilê Aiyê nos sábados de Carnaval. Dentre as mais variadas atuações dessa líder religiosa pode-se citar a Escola Mãe Hilda, onde jovens tem, para além da educação formal, a oportunidade de participação das oficinas artistas e formação da cidadania.

Mãe Hilda Jitolu, yalorixa do Terreiro Ilê Axé Jitolu, possuidora de força espiritual contagiante e com a doçura característica de sua personalidade, influenciou a todos que tiveram a sorte de privar de sua intimidade, e foi muito além, influenciou o Brasil como um todo, ao estrategicamente, idealizar projetos sociais que despertavam a auto-estima da população negra, dando visibilidade positiva a características até então depreciadas. Valorizava a cultura que recebeu de seus ancestrais, mantendo viva as tradições e costumes, principalmente a oralidade, considerada uma das marcas mais influentes da cultura africana.

Mãe Hilda Jitolu fez a passagem aos 86 em sua residência no dia 19 de setembro de 2009, por complicações motivadas por problemas cardíacos e pneumonia.