Nilcéa Freire (1952 – )

  • Volume 2
  • Século: XX
  • Estado: RJ
  • Etnia: Branca
  • Atividade: Médica, ex-Reitora e Ministra da mulher

Descrição:

Nilcéa Freire nasceu no Rio de Janeiro em setembro de 1952.
Ao mesmo tempo em que se envolvia na militância política contra a ditadura militar, como membro do PCB, Nilcéa formou-se médica pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, em 1978. No entanto, ao longo do período em que freqüentou a Faculdade de Ciências Médicas, ela se viu repentinamente obrigada a interromper seus estudos e exilar-se no México, entre 1975 e 1977. Ao retornar, Nilcéa cursou a Residência Médica na FCM/UERJ, à qual seguiu-se o mestrado em Zoologia no Museu Nacional da UFRJ. Ao longo de sua formação como pós-graduada, a então estudante e militante dedicou-se à pesquisa dos parasitas responsáveis pelas grandes endemias do Brasil, o que acabou por ser objeto de sua dissertação de mestrado (concluída em 1985) e de estágio de pesquisa no Museu Nacional de História Natural de Paris, Laboratório de Zoologia de Vermes, em 1984.
Em 1980 Nilcéa é admitida como docente da UERJ e passa atuar como professora de Parasitologia e pesquisadora, tendo então desenvolvido uma série de trabalhos e publicações na área, o que lhe rendeu destacada participação em congressos e estudos sobre o tema. Paralelamente, Nilcéa ingressa na militância acadêmica e passa a ocupar diferentes postos como representação política dos docentes, desde a estrutura interna de seu departamento até os conselhos superiores daquela instituição. A partir de 1988 a professora passa a dedicar-se também à administração universitária – o que a motivou a realizar uma especialização em administração universitária, em 1992, no Canadá. Ao longo desta trajetória, Nilcéa Freire foi assessora da Sub-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa da UERJ, Diretora de Planejamento e Orçamento da Universidade e, em 1995, é eleita Vice-Reitora. Ao final de 1999, é eleita Reitora da UERJ para o mandato de 2000 a 2003, sendo a primeira mulher a ocupar este cargo em universidades públicas do estado do Rio de Janeiro. Ao longo de sua gestão à frente da Universidade, Nilcéa lidera o processo de implantação do primeiro sistema de cotas no vestibular para alunos oriundos da rede de educação pública e para afro-descendentes, criando uma experiência pioneira e inovadora no Brasil.
Em fevereiro de 2004 Nilcéa é convidada a ocupar o cargo de ministra da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SPM), então ainda recém criada. À frente deste órgão, Nilcéa tem se destacado por sua lucidez e intensa capacidade de trabalho, o que tem rendido à pauta das políticas públicas para as mulheres a legitimidade política necessária para garantir a sua implementação. Entre as ações desenvolvidas ao longo de sua gestão – sempre em parceria com o Conselho Nacional de Direitos da Mulher, que preside desde 2004 – destacam-se: a realização da I e da II Conferências Nacionais de Políticas para as Mulheres, que formularam e avaliaram o Plano Nacional de Políticas para as Mulheres; a aprovação da Lei Maria da Penha, que criminaliza e estabelece punição à violência doméstica contra a mulher; a qualificada atuação brasileira nos fóruns internacionais que debatem a questão de gênero; a implementação do Pacto Nacional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres; o fomento à geração de emprego e renda para as mulheres através de diferentes programas; entre outras.

Como reconhecimento pela competência e importância de seu trabalho, quando em 2007 iniciou-se o segundo mandato do presidente Lula e foi aventada a possibilidade de que Nilcéa fosse substituída, o movimento feminista e de mulheres brasileiro mobilizou-se imediatamente, levantando em 48 horas milhares de assinaturas em apoio à sua manutenção à frente da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres. (colaboração Cintia Rodrigues).