Monja Coen Murayama ( 1947 – )

  • Volume 2
  • Século: XX
  • Estado: SP
  • Etnia: Branca
  • Atividade: Primeira monja budista brasileira.

Descrição:

Cláudia Dias de Souza, paulistana, filha única de pedagoga e professor, casou-se aos 14 anos com o piloto de corrida Antonio Carlos Scavone, tornando-se mãe de Fábia aos 17 anos, mesmo ano em que se divorciou. De um de seus mestres recebeu o batismo de Coen, segundo a tradição de troca de nomes, que acontece a todos(as) que se tornam discípulos(as) de Buda. Foi na cidade de Los Angeles(USA), onde morou após deixar o Brasil, que interessou-se pelo budismo, e após concluir os estudos, em 1983, foi ordenada monja da tradição Soto Zen. A seguir, transferiu-se para o Japão e lá permaneceu por 11 anos.
Seu casamento com Murayiama, também monge e dezoito anos mais novo, a impediu de aceitar em 1995, o convite para assumir um templo destinado a estrangeiros, perto do Monte Fuji. Os líderes religiosos não desejavam dois monges nesse lugar. Por sugestão do marido, retornou ao Brasil assumindo o templo Busshinji, no bairro da Liberdade, coração da comunidade japonesa em São Paulo.
Aqui, encontrou resquícios do antigo preconceito que as monjas sofriam no Japão antigo: podiam apenas trabalhar na cozinha e lavanderia dos mosteiros masculinos. A participação feminina ativa na religião iniciou-se apenas após o pós-guerra, quando Kojima Sensei, após abandonar o cargo de abadessa num mosteiro, iniciou uma campanha pelo país, em defesa do direito de as monjas usarem manto de cor – antes só preto –, de terem suas discípulas e realizarem cerimônias de enterros e casamentos. Atualmente, no Japão, embora homens e mulheres tenham status semelhante no cargo de monges, o zen-budismo ainda é uma religião predominantemente masculina. A superiora da monja Coen, no Mosteiro de Nagóia, foi a primeira e única mulher, até então, a ter ocupado um cargo de conselheira em aproximadamente 700 anos de História.
Coen, contudo, conseguiu superar o estranhamento percebido no início, por ser, além de mulher, brasileira, recebendo, inclusive, pedidos para que as cerimônias fossem realizadas também em português, pois muitos/as jovens não entendiam o japonês de seus ancestrais. Aos poucos, quebrando resistências, tornou possível que não-japoneses ou descendentes pudessem freqüentassem o templo.
Atualmente, avó de uma neta adolescente, vive em São Paulo, onde ministra, como convidada, palestras em órgãos públicos, organizações da sociedade civil, empresas e promove caminhadas de meditação pelos parques da cidade.