Marta Guarani (1942 – 2003)

  • Volume 2
  • Século: XX
  • Estado: MS
  • Etnia: Indígena
  • Atividade: Líder Articuladora das Causas Indigenistas e Feministas

Descrição:

Marta Guarani (1942-2003) 

Líder articuladora das causas indigenistas e feminista

Nascida Marta Silva Vito, em 29 de Julho de 1942, na aldeia Jaguapiru (MS) e chamada ao nascer Kunha Gevy, que na língua natal significa uma nova mulher. De fato, ao longo de seus 62 anos, não faltaram inúmeras lutas e adversidades que a obrigaram, constantemente, a renascer como nova mulher.

Guerreira incansável das causas indígenas e união dos povos na luta por seus direitos e demarcação de terras, Marta aos 28 anos, teve que deixar a aldeia onde nasceu, após denunciar abusos cometidos à época pela administração local da FUNAI, que destituiu o cacique e o pajé, implantando na comunidade indígena uma milícia comandada por um capitão.

Inicio de uma vida que seria marcada por luta e coragem, partiu para Dourados (MS), onde se concentravam as famílias Guarani expulsas das reservas. De lá ganhou mundo. Na década de 1970 foi perseguida pela ditadura militar, como conseqüência de sua articulação dos povos indígenas contra o latifúndio.

Através da Associação de Índios Kaguateca "Marçal de Souza", criada com objetivo de encaminhar denúncias e reivindicações dos povos indígenas Kadiwéu, Guarani, Terena e Kaiowá, lutou pela preservação de tradições, usos e costumes e articulou-se com organizações sociais e populares de Mato Grosso do Sul, ligadas às questões dos Direitos Humanos e Ambientais nas lutas pela Reforma Agrária. Dar à Associação o nome Marçal de Souza foi uma homenagem prestada ao tio, o cacique Tupã-Y, assassinado na luta pelos direitos indígenas na década de 1970.

Em 1986, mesmo doente concorreu ao cargo de vereadora, sem eleger-se. Conseguiu, contudo, a criação da unidade da FUNAI em Amambaí, região de concentração de distintos povos indígenas. Participação efetiva teve ainda no reconhecimento dos Guató, de Corumbá, então considerados extintos. Marta Guarani localizou anciãos dessa etnia. O trabalho de levantamento histórico resultou na demarcação da terra indígena Guató.

A construção em 2001, da aldeia urbana Água Bonita, em Campo Grande (MS), que deu inicio à organização de índios(as) desaldeados, também contou com a atuação de Marta Guarani.

Marta Guarani teve participação ativa no movimento de mulheres como integrante do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher e liderando a representação de mulheres indígenas de Mato Grosso do Sul na Conferência Nacional de Mulheres Brasileiras.

Faleceu de problemas cardíacos, em 06 de setembro de 2003, aos 61 anos de idade. Seu corpo foi velado na Assembléia Legislativa de Mato Grosso do Sul. Marta Guarani, a Kunha Gevy, com sua luta, contribuiu para que várias outras novas mulheres indígenas possam se orgulhar de sua ancestralidade.