Maria Pankararu (1964 – )

  • Volume 2
  • Século: XX
  • Estado: PE
  • Etnia: Indígena
  • Atividade: Primeira mulher indígena com Doutorado

Descrição:

Maria Pankararu (1964 – )

Primeira mulher indígena com doutorado

Maria das Dores de Oliveira, Maria Pankararu, como ficou conhecida, é filha de Cícero Manoel de Oliveira e Tereza Freire, índios da etnia pankararu. Nasceu em 1964, na aldeia Brejo dos Padres Tacaratu, em Pernambuco.

Ainda criança, precisava andar a pé por cerca de uma hora e meia, para chegar à sala de aula mais próxima de sua aldeia. Fugindo da difícil situação no campo a família transfere-se, em 1970, para São Paulo, onde conclui o curso primário. A partir dai foram constantes as idas e vindas entre o sudeste e o nordeste.

Na Universidade Federal de Alagoas (UFAL), quando morava em Maceió, graduou-se em história (1990) e pedagogia (1997). No mesmo período, assumiu na Fundação Nacional do Índio (FUNAI) de Alagoas, a função de docente, atuando em tribos indígenas.

Sempre na UFAL, com bolsa da Fundação de Amparo à Pesquisa de Alagoas, conclui o mestrado em lingüística (2001), tornando-se, na ocasião, a segunda mulher indígena a fazê-lo.

Em 2002, obteve da Fundação Ford uma bolsa para o doutorado, no primeiro ano em que a fundação, adotando no Brasil critérios de ação afirmativa, propiciou que dos 42 candidatos inscritos para o processo de seleção, mais que 90% dos escolhidos (as) fossem negros, pardos ou indígenas.

Sua pesquisa sobre a língua indígena Ofayé, tomou como referência os únicos onze índios que ainda a falam, em uma tribo localizada em Brasilândia, interior do Mato Grosso do Sul (MS). Na própria tribo de Maria Pankararu, os indígenas desconhecem a língua de seus antepassados.

A defesa da tese (2006) “Afoyé, a língua do povo do mel”, ocorreu em 19 de abril, oficialmente comemorado como o Dia do Índio. Justamente para que todos os dias possam ser comemorados como das diferentes culturas indígenas brasileiras, luta Maria Pankararu. Uma grande festa em sua aldeia natal comemorou o feito ilustre de uma de suas filhas, que havia se tornado, pela UFAL, a primeira mulher indígena com doutorado.

A partir dos resultados da pesquisa e em parceria com professora Marilda de Souza, desenvolveu uma cartilha com a gramática da tribo, o que pode significar o resgate de uma língua para a geração presente e futura.

Seu empenho pessoal, o apoio dos amigos (as) e pais, bem como, o fato que em sua aldeia as mulheres conquistaram o direito de voz, foram fatores essenciais para estimulá-la na vida acadêmica. Tudo isso a ajudou também a enfrentar os muitos preconceitos que ainda persistem na sociedade brasileira contra os(as) indígenas afirmaria, anos mais tarde, Maria Pankararu em entrevistas.

Maria Pankararu recebeu a comenda Heliônia Ceres e a Medalha do Mérito Universitário- UFAL 45 anos, concedida pelo Núcleo Temático Mulher e Cidadania da UFAL. Em 2009, substituindo o ex-conselheiro Gersem Luciano Baniwa, integrou o Conselho Nacional de Educação (CNE).