Lúcia Fernanda Jófei Kaigang (1978 – )

  • Volume 2
  • Século: XX
  • Estado: RS
  • Etnia: Indígena
  • Atividade: Primeira índia com mestrado em direito no país

Descrição:

Lúcia Fernanda Jófei Kaingáng nasceu no Rio Grande do Sul e viveu em diferentes aldeias, até ingressar aos 17 anos, no curso de Direito na Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí) e depois estudou Direito Público na Universidade de Brasília.

Preferia cursar jornalismo, contudo, acabou convencida pelos pais a estudar direito. Era necessário que alguém da cultura Kaigang aprendesse e pudesse traduzir as leis brasileiras para seu povo. A resistência enfrentada veio por parte dos avôs, que duvidavam pudesse a neta aprender com o branco, alguma coisa que não pudesse ser ensinada por um ancião da aldeia.

A advogada Lúcia tornou-se uma das lideranças dos Kaigang, povo que ocupa áreas territoriais no Paraná, São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul e que, de acordo com o censo da Fundação Nacional do Índio (FUNAI), reunia em 2006 cerca de 29 mil pessoas.

Funcionária da FUNAI e vice-presidente do Instituto Indígena Brasileiro para a Propriedade Intelectual (INBRAPI) atuou contra o envio ao Congresso, pelo governo, de um projeto de lei que estabeleceria critérios para o acesso aos recursos genéticos e conhecimentos tradicionais. Lucia argumenta que, embora cerca de 80% dos remédios fitoterápicos tenham como base o conhecimento e as culturas indígenas, isso acaba por não se traduzir em benefício para as aldeias.

Também através do INBRAPI, Lucia luta pelo reconhecimento das tecnologias indígenas e contra os diferentes preconceitos que enfrentam. Segundo ela, ainda hoje, muitos dos livros utilizados pela escola, os apresentam unicamente como um povo que caça e pesca.

Sua geração, afirmou em entrevista, é consciente quanto à importância de chegar à universidade, de lutar pelos direitos subtraídos ao longo da história do Brasil e de enfrentamento dos múltiplos problemas que afetam os (as) indígenas de todo o país, como aculturação, analfabetismo, terras, desnutrição infantil e saúde, dentre outros.