Jenny Pimentel de Borba (1906 – 1984)

  • Volume 2
  • Século: XX
  • Estado: SP
  • Etnia: Branca
  • Atividade: Jornalista e escritora

Descrição:

Jenny Pimentel de Borba nasceu em Serra Negra, estado de São Paulo, no dia 6 de maio de 1906. Filha de Alfredo Pires de Azevedo Pimentel e Anna Leopoldina de Freitas Pimentel, importante e conservadora família paulista. Casou-se aos 24 anos, em 1930, na cidade de São Paulo, com o gaúcho Júlio Ruy da Costa Borba, união essa que descontentou muito a família. Logo depois Jenny e Júlio mudam para a capital – Rio de Janeiro, onde viveu grande parte de sua vida.

Sem que alguém consiga explicar ao certo, Jenny deixou sua terra natal e seus familiares. Estes a criticavam muito por seu comportamento autônomo, extravagante e não condizente com o que se esperava de uma mulher naquela época.

No Rio de Janeiro, Jenny lançou a revista Walkyrias, em agosto de 1934. Esse periódico durou até dezembro de 1960, perfazendo um longo caminho de 26 anos. Walkyrias foi publicada mensalmente durante 12 anos ininterruptos. A partir de 1946 houve intervalos nas publicações – não havendo periodicidade. Esta revista foi espaço de manifestações ao movimento brasileiro de emancipação das mulheres as décadas de 1930 e 40. Embora não fosse integrante do movimento sufragista, em sua revista, Jenny disponibilizou espaço para artigos de ilustres feministas.

A revista Walkyrias foi lançada no Rio de Janeiro em 1934 algumas semanas após a mulher brasileira conquistar seu direito ao voto – acontecimento conhecido na época por “A vitória das sufragistas”. A primeira edição de Walkyrias relatava com detalhes a vitória das sufragistas, uma vez que nova Constituição Brasileira incorporava o direito de voto das mulheres, conquistado através de decreto, dois anos antes. A chamada “Festa da Vitória”; foi uma grande celebração organizada pela Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, no Automóvel Clube no Rio de Janeiro com o intuito de comemorar a conquista definitiva do voto feminino. Com programação artística refinada dirigida pela maestrina Joanídia Sodré e presença de figuras respeitáveis da sociedade carioca e de políticos de renome. A primeira edição deu total divulgação a este acontecimento, embora sua diretora Jenny Pimentel não participasse efetivamente das lutas feministas.

A revista Walkyrias esmerava-se para contemplar a boa literatura, artes de vanguarda, artigos políticos, crônicas, poemas, conselhos médicos, etc. Dentre os artigos publicados na revista consta diversos da sufragista Bertha Luzt, poemas de Gilka Machado. Walkyrias era eclética e espaço aberto a todas as posições ideológicas.

A década de 1930 e 40 foi de efervescência cultural e de reavaliação e criação de novos valores e modelos para sociedade brasileira. Com a publicação de obras como “Casa Grande e Senzala” de Gilberto Freyre, “Evolução política do povo brasileiro” de Caio prado Júnior, dentre diversos outros ensaios que repensavam o Brasil em sua formação social, política e econômica. É neste contexto que a revista Walkyrias tem suas primeiras edições e sua editora Jenny vive seus momentos de maior brilho e notoriedade nas redações e salões do Rio de Janeiro. Figura carismática e ao mesmo tempo ambígua; brilhante e com prestígio intelectual, tinha entre seus pares escritores, políticos e artistas. Há registro de Jenny com pessoas conhecidas do cenário nacional como a sufragista Bertha Lutz, a escritora Cecília Meireles, a pioneira aviadora Anesia Pinheiro Machado, o ministro Gustavo Capanema, dentre diversas outras figuras que despontavam no cenário nacional da década de 1930. Escreveu livros como “Mendiga de amor” (1935); “40 graus à sombra” (1940); “Mormaço” (1941); “Braza” (1942) e “Paixão dos homens” (1943).

Em 1948, Jenny foi diretora artístico-social da revista Fon-Fon. Revista criada no Rio de Janeiro cuja ilustração figurava como uma de suas principais características, tendo como contribuidores célebres Di Cavalcante, assim como lançou e impulsionou a carreira de tantos outros como Nair de Tefé e Raul Pederneiras. Jenny também deu sua contribuição como chefe da seção de literatura da revista Café Society. Periódico editado de janeiro a julho de 1955.

Jenny publicou diversos contos nos jornais “Correio da Manhã” e o “Diário de Notícias, considerados naquela época, os jornais mais prestigiados do Rio de Janeiro. Apesar de controversa Jenny teve presença marcante na cultura carioca nos anos de 1930 e 40, sendo citada em diversas obras especializadas sobre literatura no Brasil, por ser referência mereceu citação e elogios em livro do crítico Wilson Martins – “História da Inteligência Brasileira”, publicado na década de 1970.

A paulista Jenny Pimentel de Borba, que não possuía nenhuma formação acadêmica lançou, dirigiu e manteve durante décadas uma revista polêmica, mas, sobretudo espaço de manifestação de diversos pensamentos políticos e culturais que deu o que falar e o que pensar nas décadas de sua existência. Seu público alvo? Todos e todas que buscavam informações sobre diversos prismas. Os últimos anos de sua vida foi em um abrigo para idosos em Friburgo junto a seu marido Ruy da Costa Borba, sua voracidade intelectual foi mantida e era sempre vista com um livro nas mãos. Faleceu, um ano e quatro meses depois do seu companheiro, em 30 de junho de 1984, e sepultada na cidade de Friburgo, pela LBA.