Gabriela Leite (século XX)

  • Volume 2
  • Século: XX
  • Estado: SP
  • Etnia: Branca
  • Atividade: Prostituta, coordenadora da Ong Davida e criadora da grife Daspu

Descrição:

A paulista Gabriela Leite é socióloga formada pela Universidade de São Paulo (USP) e durante muitos anos ganhou a vida como prostituta. Trabalhou na Boca do Lixo, região caracterizada por ser uma zona de meretrício, localizado na região central de São Paulo, perto do Bairro da Luz e depois na Vila Mimosa, considerada uma das mais famosas áreas de prostituição da cidade do Rio de Janeiro. Nos anos de 1980 transferiu-se para a zona boêmia de Belo Horizonte, Minas Gerais.

Gabriela tinha 22 anos quando resolveu ser prostituta. Isto aconteceu por volta dos anos 1970, enquanto cursava a faculdade de Filosofia na Universidade de São Paulo (curso para o qual havia passado em segundo lugar). Nesta época tinha um emprego de secretária e morava com a mãe. Porém, inquietava-se com a vida que levava. Entre interessada e curiosa observava as prostitutas que trabalhavam nos arredores da faculdade. Movida por esta atração e o desejo de mudança optou em ser prostituta do baixo meretrício paulista.

De volta ao Rio, em 1992, Gabriela fundou a Ong Davida – organização que tem por objetivo promover a cidadania das prostitutas, romper com os estereótipos, promover políticas públicas para categoria, obter o reconhecimento legal da profissão, conquistar melhores condições de trabalho e qualidade de vida para as profissionais do sexo, dentre outras iniciativas. Esta organização, a partir de concepções idealizadas por Gabriela, defende a idéia de que não se deve tratar a prostituição apenas como falta de opção para as mulheres em situação de pobreza. A organização atua na área da educação, saúde, comunicação e cultura. Seu slogan é Prostituição, direitos civis, saúde. Deve-se acrescentar que Gabriela também está à frente da Rede Latino-Caribenha de Trabalhadoras do Sexo (Retrasex).

Conciliando estratégia de marketing e busca de autonomia econômica, Gabriela no ano de 2005 idealizou a grife Daspu (uma corruptela de “Das Putas”) – nome este escolhido como provação a grife Daslu, considerada a maior loja de artigos de luxo do Brasil.
Gabriela lançou no início de 2009 o livro Filha, mãe, avó e puta: a história de uma mulher que decidiu ser prostituta profissional. Revela nesta obra autobiográfica, sua trajetória de vida como prostituta – desvenda, revela o mundo da prostituição. Aborda com clareza e naturalidade os diversos tabus da profissão. Narra histórias curiosas sobre seus clientes, as drogas, a figura do cafetão, dentre diversos outros elementos existentes deste universo.

Gabriela, ferrenha defensora da liberdade é conhecida e respeitada por falar o que pensa. É esta mulher que hoje é a porta-voz das prostitutas. Atuando na Ong Davida, reivindica respeito e direitos. Desvela os tabus que aguçam o imaginário coletivo em torno de uma das profissões mais antigas da humanidade. Pensa a prostituição enquanto profissão e como tal levanta as questões relacionadas aos direitos e deveres das empregadas e empregadores.

Atualmente Gabriela está casada com o jornalista Flavio Lenz, irmão da poeta Ana Cristina César.