Celeida Tostes (1929 – 1995)

  • Volume 2
  • Século: XX
  • Estado: RJ
  • Etnia: Branca
  • Atividade: Escultora

Descrição:

Nasceu no Rio de Janeiro, em 16 de abril de 1929. Perdeu a mãe quando tinha um ano de idade. Passou a infância com os avôs em uma fazenda em Cachoeira de Macuco – interior do estado do Rio de Janeiro. Celeida viveu os prazeres, que a liberdade da vida em uma fazenda pode proporcionar. Os odores do campo, os frutos, os banhos de açude. O barro foi um material de sua infância e seria no futuro objeto de seu trabalho.
Começa a vida profissional aos 17 anos, como datilógrafa em uma empresa no Rio de Janeiro. Em 1951 entra para a Escola Nacional de Belas Artes e em 1957, concluí o curso de Professora de Desenho e de Didática Geral e Especial na Faculdade de Filosofia, ambos no Rio de Janeiro. No Final da década de 50, estudou nas Universidades de Southern e de Highlands, na Califórnia e Novo México, respectivamente, nos Estados Unidos.
Sempre preocupada com sua formação e interessada no aprendizado de novas técnicas em 1973, fez Curso de Antropologia Cultural na Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro e dois anos depois, estagiou no Cardiff College of Art na Inglaterra. Em 1976, exerceu atividades paralelas sendo designada para o Departamento de Cultura do Município e nos anos de 1978 e 1979, foi diretora substituta na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, ambos no Rio de Janeiro.
Durante quinze anos, entre 1980 a 1995, coordenou o Projeto de Formação de Centros de Cerâmica Utilitária nas Comunidades da Periferia Urbana Morro do Chapéu Mangueira no Rio de Janeiro. Em 1984 trabalhou na produção da cenografia do filme Quilombo de Cacá Deigues. Em 1986, foi Grande Homenageada na Primeira Bienal do Barro em Porto Rico.
Celeida Tostes provocou uma verdadeira revolução nos trabalhos com cerâmica no Brasil. Senhora de técnicas e idéias peculiares, encantou o público com seu trabalho Ritual de passagem onde mistura barro e performance. A exposição Arte do fogo, do sal e da paixão, elaborada após sua morte, apresentou um panorama geral de sua obra e mexeu com a sensibilidade de todos. Durante sua trajetória artística, explorou temas de caráter antropológico e arqueológico, assim como temas vinculados ao feminino. Foi pioneira no trabalho individual, mas não descuidou da ação pedagógica; e por isto é considerada mestra da geração dos anos de 1980; também era famosa por seu bom humor e pelo espírito agregador, sempre conseguia acolher um aluno, mesmo quando aparentemente não era possível.
Artista de muitas idéias e de paixão pela escultura, sua arte esteve sempre voltada para a simbologia da vida. Algumas figuras emblemáticas norteiam a obra de Celeida, como o ovo, o falo, a vagina, rodas feitas de barro. Estas figuras eram fartamente instrumentalizadas pela artista em suas produções. O ovo, por exemplo, utilizado como figura síntese do ciclo da vida e esteve muito presente na obra da escultora. Através da argila materializava suas emoções e inquietações. Na expressão de sua arte, recupera formas primitivas e recheadas de simbolismo; muito de sua obra gira em torna da eternidade do feminino.
Celeida Tostes continuamente buscou aprimorar suas técnicas. Esteve sempre envolvida em espaços que permitisse adquirir novos conhecimentos e aplicar novas experiências. Trabalhava compulsivamente. Durante sua carreira, ganhou diversos prêmios, dentre eles: Prêmio no Salão Paranaense de Cerâmica (1980); Menção Especial e Prêmio no 1o. Salão Paulista de Artes Plásticas e Visuais. Nos anos de 1981 e 1982 Prêmio Especial no Salão Nacional de Artes Plásticas no Rio de Janeiro. No ano de 1984 foi convidada no evento Arquitetura da Terra no Centro Georges Pompidou, França. Em 1987 participou do Encontro de Ceramistas Contemporâneos no Everson Museum, Nova York, Estados Unidos. Nos anos de 1990 participou da I Bienal Del Barro de América no Museu de Arte Contemporânea em Caracas, Venezuela.
Morreu no dia 3 de janeiro de 1995 no Rio de Janeiro, acometida por câncer de mama.