Aristolina Queiroz de Almeida (1922 – )

  • Volume 2
  • Século: XX
  • Estado: RJ
  • Etnia: Branca
  • Atividade: Primeira Prefeita do Estado do Rio de Janeiro

Descrição:

Aristolina Queiroz de Almeida (1922 – )
Primeira Prefeita do Estado do Rio de Janeiro

Aristolina Queiroz de Almeida, nasceu no dia 22 de setembro de 1922, em Sacra Família do Tinguá,, no estado do Rio de Janeiro. Ainda menina mudou-se com seus pais, Maria Batista e Artur Monteiro de Queiroz para o município de Miguel Pereira, onde vive até hoje. No terceiro melhor clima do mundo, as eleições de 1970, consagram a primeira mulher prefeita do município e do estado. Aristolina Queiroz de Almeida tinha então 48 anos e uma trajetória de envolvimento com as causas sociais iniciada aos 14 anos, ao formar-se professora.

No período de 1941 a 1956, ao lado do esposo, Corinto de Almeida, com quem casara em 1939 e teve quatro filhos, envolveu-se em várias campanhas políticas. A respeito desse envolvimento, que ocorria simultaneamente ao trabalho de professora, dona de casa e auxiliar dos cortes de cabelo feitos pelo marido barbeiro no salão, Aristolina declararia, anos depois, ser uma tentativa de minimizar as dificuldades vividas pelas pessoas humildes de sua região, bem como, pela ausência de escolas o que, inclusive, a obrigou a mandar os filhos e a filha estudarem fora da cidade.

Suas lutas em defesa da emancipação do município, quando assumiu posição contrária ao pai, trouxeram resultados em 1955, quando Miguel Pereira se tornou independente do município de Vassouras (RJ).

Eleita vereadora em 1956, não conseguiu o cargo de prefeita nas eleições de 1958, mas reelegeu-se vereadora novamente em 1962 e 1967, ocasião em que acumulou também a função de Secretária de Educação.

Com sua eleição em 1971, a cidade optava pelo matriarcado e, após dois dias de animada comemoração, entregava mais uma responsabilidade às mulheres. A prefeita juntou-se ao time feminino que estava no poder: a Promotora, a Escrivã eleitoral, a chefe comercial da Light, a chefe dos Correios e Telégrafos e a coordenadora do INPS. Contudo, apesar desse pioneirismo de Miguel Pereira, conhecida como "Cidade das Rosas", nem tudo foram flores para Aristolina.

Dois meses após sua posse enviou carta à Câmara Municipal, relatando a difícil situação na qual encontrara a prefeitura. As dívidas comprometiam quase 40% do orçamento, contrariamente ao que era alardeado pela gestão anterior e, ao solicitar a criação de comissões de investigação, para analise dessa e de outras questões, enfrentou dura reação da oposição. Na ocasião foi acusada, inclusive, de tentar “conspirar” contra as autoridades políticas masculinas.

Sua gestão, entre 1971 e 1973, destacou-se em várias frentes – turismo, cultura, construção de escolas, arborização, iluminação, saneamento, recuperação de estradas, transporte, saúde e administração pública. Dentre outras ações, junto ao Governo Federal, conseguiu a vinda de um técnico, que realizou um levantamento dos mananciais da cidade, resultando em projeto para o novo sistema de abastecimento. Com apoio do Centro de Pesquisa Latino-Americano de Ciências Sociais, através do Instituto do Livro, desenvolveu cursos de formação e ampliou o acervo da biblioteca municipal. A criação do Serviço Social na prefeitura também caracteriza sua atuação.

A organização do Primeiro Festival de Cinema Brasileiro (1971), em comemoração aos 16 anos da cidade, com júri composto unicamente por mulheres era, na verdade, uma prévia do que Aristolina planejava para Miguel Pereira um ano depois: O Primeiro Congresso Nacional Feminino.

Durante três dias, questões relacionadas à situação da mulher e emancipação feminina foram discutidas por cerca de 200 mulheres no chamado Primeiro Congresso Nacional Feminino, em 1972, além de ampla repercussão na imprensa nacional, caracterizou-se ainda, segundo a revista TIME, por ser o primeiro encontro do gênero na América Latina. A iniciativa deu frutos e outros encontros se seguiram pelo país.

Dentre as muitas homenagens que lhe foram feitas, Aristolina Queiroz recebeu em 2003, a Medalha Tiradentes concedida pela Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro.