Ana Arruda Callado (1932 – )

  • Volume 2
  • Século: XX
  • Estado: PE
  • Etnia: Branca
  • Atividade: Jornalista, professora e escritora

Descrição:

Ana Arruda Callado nasceu em Recife, Pernambuco, em 1937. Mudou-se com a família para o Rio de Janeiro, aos 8 anos de idade. Os livros sempre fizeram parte de sua vida. O pai estimulava os filhos aos estudos e a leitura. Guarda em sua memória afetiva a lembrança de que todas as noites via seu genitor com um livro na mão. Costumava incentivar as filhas a escolher uma carreira em que pudessem ter suas realizações profissionais e ao mesmo tempo autonomia financeira. Não queria vê-las sustentadas pelo marido.

Embora inicialmente discordasse da escolha de Ana pelo jornalismo, acabou mais tarde por respeitar a decisão da filha. Em 1955, ela entrou para Faculdade Nacional de Filosofia (atualmente Universidade Federal do Rio de Janeiro) e preocupada com uma boa formação profissional buscou, paralelamente ao curso na Universidade, o aprendizado pratico. E assim, foi ser estagiária no Jornal Tribuna da Imprensa, tendo a oportunidade de fazer um curso com Carlos Lacerda, dedicado aos profissionais que atuavam na redação.

Com determinação e muito estudo, concluiu o curso de jornalismo em 03 anos, em 1957, e, em seguida iniciou atividade profissional no Jornal do Brasil. Inteligente e perspicaz soube criar oportunidades e aproveitar com sabedoria o convívio com jornalistas mais experientes e de renome nacional.

Com pouco tempo atuando no Jornal do Brasil, mas sensibilizada por questões sociais ganhou o Prêmio Herbert Moses , em 1958, por ter escrito uma série de reportagens sobre reforma agrária – “Reforma Agrária: todo mundo fala, mas ninguém faz”. No ano seguinte, escreveu série de reportagens sobre infância abandonada o que lhe valeu a Menção Honrosa do Prêmio Esso, dividindo o palco com intelectuais como Helio Silva, da Tribuna da Imprensa; David Nasser, de O Cruzeiro; Mario Morel, de O Mundo Ilustrado; Bernardino Carvalho, de O Globo. Surgia, portanto, um talento precoce.

Em 1966 é convidada a atuar no Diário Carioca como chefe de reportagem. Era a primeira vez no Brasil que uma mulher exercia um cargo desta importância para o jornalismo. Foi editora-chefe de O Sol, jornal pioneiro na imprensa alternativa brasileira.

A década de 1970 desponta como referência em sua vida acadêmica e particular. Doutora em Comunicação Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Ana atua como professora da Escola de Comunicação da UFRJ, assim como na Universidade Federal Fluminense e na Pontifica Universidade Católica do Rio de Janeiro. No âmbito privado, em 1977, oficializa a relação afetiva com o jornalista, romancista, biógrafo e teatrólogo Antônio Callado. Ficam casados durante 20 anos, até 1997, quando Callado veio a falecer.

Em sua vida profissional também se dedica a livros biográficos: Dona Maria José (1995), sobre Maria José Barboza Lima; Jenny, amazona, valquíria e vitória-régia (1996), sobre a romancista e jornalista Jenny Pimental Borba; a poetisa, jornalista e política Adalgisa Nery (1999) e Maria Martins (2004).

Em 1992, é convidada por um grupo de intelectuais ligadas ao feminismo, para fazer a coordenação editorial da Revista Estudos Feministas, um periódico interdisciplinar de circulação nacional e internacional que apresenta reflexões teóricas e debates acadêmicos qualificados no campo dos estudos feministas e de gênero.

Ana Arruda Callado é referência no jornalismo brasileiro. Com muita determinação e trabalho, atingiu espaços, que até então as mulheres não havia alcançado. Foi a primeira chefe de reportagem no Brasil e primeira jornalista a ganhar o Prêmio Esso.